Desemprego volta a cair e fecha 2022 em 7,9%, segundo o IBGE
Na média do ano passado, taxa de desocupação ficou em 9,3%, a menor desde 2015
A taxa de desemprego voltou a cair no País, descendo de 8,1% no trimestre encerrado em novembro de 2022 para 7,9% no trimestre terminado em dezembro, a menor desde fevereiro de 2015, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua)) divulgados nesta terça-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na média do ano passado, a taxa de desemprego foi de 9,3%, melhor desempenho desde 2015. Em 2021, o resultado tinha sido de 13,2%.
A coordenadora do IBGE menciona que pode haver diferentes fatores por trás do fenômeno, como o endividamento elevado, redução no consumo das famílias, menor acesso ao crédito, além do desempenho da Black Friday, a realização extraordinária da Copa do Mundo no fim do ano e uma expectativa mais morna dos comerciantes sobre as vendas.
A série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, mostrou que foi a primeira vez que um quarto trimestre não mostrou expansão da ocupação no comércio.
"De fato, em termos de absorção de trabalhadores, foi o pior quarto trimestre do comércio", confirmou Beringuy.
Na passagem do terceiro trimestre para o quarto trimestre de 2022, o comércio demitiu 45 mil trabalhadores, enquanto o segmento de outros serviços dispensou 59 mil pessoas.
No entanto, a queda na procura por trabalho ajudou o resultado geral, mantendo a taxa de desemprego em trajetória de redução. A população desocupada diminuiu em 888 mil pessoas em um trimestre, totalizando 8,572 milhões de desempregados, menor contingente desde o trimestre encerrado em junho de 2015. Em um ano, 3,439 milhões deixaram o desemprego.
Não houve emprego para todos, e a maioria migrou na inatividade. A população inativa somou 65,903 milhões de pessoas no quarto trimestre, 1,174 milhão a mais que no trimestre anterior.
"É estranho falar em recuperação do mercado de trabalho, porque o que vimos foram quedas na taxa de participação e a população economicamente ativa praticamente estagnada", afirmou o economista-chefe da Terra Investimentos Homero Guizzo.
O aumento do número de famílias atendidas e do valor das parcelas do programa Auxílio Brasil pode ter contribuído para a diminuir o número de pessoas em idade de trabalhar efetivamente participando do mercado de trabalho, considerou Guizzo. O economista prevê que a taxa de desemprego suba a 8,2% em janeiro no trimestre encerrado em janeiro de 2023.
Massa de renda recorde
A massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 31,224 bilhões no período de um ano, para um recorde de R$ 274,346 bilhões, uma alta de 12,8% no trimestre encerrado em dezembro de 2022 ante o trimestre terminado em dezembro de 2021. Na comparação com o trimestre terminado em setembro, a massa de renda real subiu 2,1% no trimestre terminado em dezembro, com R$ 5,603 bilhões a mais.
"É a maior massa (da série histórica). Quem está puxando é o rendimento, porque a ocupação ficou estável, o que é diferente do que a gente via anteriormente", lembrou Adriana Beringuy, do IBGE.
O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma elevação real (ou seja, descontada a inflação do período) de 1,9% na comparação com o trimestre até setembro, R$ 51 a mais, para R$ 2.808. Em relação ao trimestre encerrado em dezembro do ano anterior, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 8,3%, R$ 215 a mais.
O crescimento do rendimento médio real está relacionado à trégua da inflação registrada nos últimos meses, que proporciona ganhos reais, mas também à melhora na composição da ocupação, com recuperação da geração de vagas com carteira assinada no setor privado e um aumento nas contratações no setor público, que tendem a ter maiores salários. Ao mesmo tempo, o número de trabalhadores atuando na informalidade diminuiu.
A renda nominal (antes de descontada a inflação no período) cresceu 2,6% no trimestre terminado em dezembro ante o trimestre encerrado em setembro. Já na comparação com o trimestre terminado em dezembro de 2021, houve elevação de 14,8% na renda média nominal.
"A corrosão da renda pela inflação já foi maior", apontou Beringuy. "Embora a gente tenha sim o efeito da inflação em 12 meses, ele não é forte o suficiente para impedir ganhos reais, como ocorrera na maior parte do ano de 2021 e primeiro semestre de 2022?, completou./Colaboraram Daniel Tozzi Mendes e Italo Bertão Filho.