Desmatamento na Amazônia aumentou 81% em agosto em relação a 2021
Somente em agosto, o desmatamento totalizou 1.661 quilômetros quadrados
O desmatamento na floresta amazônica brasileira aumentou mais de 80% em agosto em relação ao ano anterior, mostraram dados preliminares do governo nesta sexta-feira, 9/9, com incêndios também atingindo um ritmo recorde.
Dados de satélite do governo mostraram que 7.135 quilômetros quadrados foram desmatados na Amazônia de janeiro a agosto, um aumento de 19% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que coleta os dados.
Somente em agosto, o desmatamento totalizou 1.661 quilômetros quadrados, um aumento de 81% em relação ao mesmo mês de 2021.
Com o início da temporada de queimadas neste mês, foram 33.116 alertas de incêndio do Inpe, o segundo pior número já registrado em uma década. Muitos dos alertas são gerados por agricultores que derrubam a floresta e incendeiam árvores para limpar a terra, e às vezes esses incêndios ficam fora de controle.
Defensores do meio ambiente culpam o presidente Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição, por esse aumento acelerado da destruição da floresta.
Durante seu governo, Bolsonaro diminuiu a fiscalização ambiental e defendeu a agricultura comercial e a mineração na Amazônia, dizendo que a exploração econômica reduzirá a pobreza.
A posição de Bolsonaro é vista com indignação por ambientalistas por envolver uma região crucial para desacelerar o aquecimento global.
"O desmatamento está completamente fora de controle na Amazônia. É o resultado de uma política antiambiental muito bem-sucedida que foi implementada nos últimos quase quatro anos", disse Cristiane Mazzetti, do Greenpeace Brasil, referindo-se a Bolsonaro.
"Esta destruição acelerada está empurrando a Amazônia para perto de um ponto de inflexão onde ela falharia como uma floresta tropical. Uma mudança ambiental tão rápida seria catastrófica para o clima global e a biodiversidade", acrescentou.
O Palácio do Planalto não respondeu de imediato a um pedido de comentário da Reuters.
Bolsonaro está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas antes das eleições presidenciais de 2 de outubro. No entanto, Lula também deve ter dificuldades para reverter a situação, disse Marcio Astrini, chefe do grupo ambiental Observatório do Clima.
""Bolsonaro pode sair do governo, mas deixa de herança para seu sucessor uma crise ambiental na Amazônia", disse Astrini.