ESG é visto como o maior risco para o setor de mineração e metais no Brasil, mostra pesquisa
Estudo da EY e IBRAM destaca os dez principais desafios que o setor deve superar para manter a relevância
O ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) é considerado o maior "risco" e, ao mesmo tempo, a maior "oportunidade" para o setor de mineração e metais no Brasil, segundo um estudo da consultoria EY e do IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração).
Em seguida vêm os riscos e oportunidades ligados à geopolítica, mudanças climáticas, a licença para operar, custos e produtividade, interrupções na cadeia de suprimentos, força de trabalho, capital, digital e inovação e novos modelos de negócios.
Especialistas destacam que o setor, mesmo tendo passado por mudanças significativas nos últimos anos pressionado pelo poder público e pela indústria privada, ainda é tido como um dos mais poluentes — considerando os riscos referentes aos impactos da mudança climática, como enchentes, crises no sistema elétrico e falta de água potável.
Com isso, a ascensão da agenda ESG, que tem como uma das principais bandeiras o meio ambiente, se torna um risco para o setor, que tem de se adequar a diversas normativas para conseguir recursos de bancos e fundos de investimentos, segundo o doutor em economia dos recursos naturais e professor da Universidade de São Paulo (USP), Luis Enrique Sánchez.
"Se o setor precisa de recursos, tem de demonstrar que possui um sistema robusto de gestão ambiental. O setor financeiro tinha pouco conhecimento dos riscos da mineração e foi surpreendido com os dois grandes casos", afirma, se referindo às tragédias de Brumadinho e Mariana.
Assim como em outros setores, Sartorio destaca que uma modificação efetiva leva tempo, principalmente para haver mudanças de maquinário e práticas específicas — que dependem de uma transformação de todas as empresas, inclusive dos fornecedores.
Para ele, no entanto, a mudança já está acontecendo. Sartorio destaca que as principais apostas do setor têm sido investir na redução de carbono e na reciclagem de produtos. Outra tendência sustentável que deve se consolidar no mercado é o rastreio da pegada de carbono nas empresas de varejo, forçando uma mudança também no setor de mineração.
"As empresas de consumo vão ser pressionadas a rastrear os seus produtos até a origem, da onde ele saiu, qual o solo, como ele foi processado, quanto emitiu de carbono. As empresas que tiverem soluções inovadoras que atenderem a essa direção e consigam rastrear as suas cadeias vão ter uma vantagem competitiva enorme."