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'Na gestão de resíduos, o País está no século 13', diz presidente do Pacto Global da ONU no Brasil

Empresário conta como faz, no Brasil, a ponte entre empresas e os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU

2 ago 2023 - 03h11
(atualizado às 14h31)
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Por formação, ele é químico, mestre em Ciência pela USP, com MBA em Sustentabilidade pela universidade alemã de Lüneburg. Na prática, pode-se dizer que Carlo Pereira é um construtor de pontes - o que mais fez nos últimos 20 anos foi atrair os empresários brasileiros para os grandes compromissos ambientais mundiais, a chamada "sustentabilidade corporativa".

Como CEO do Pacto Global da ONU no Brasil, Pereira lidera uma rede de 1.900 participantes da Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O que significa aceitar metas e compromissos com temas como clima, direitos humanos, água, anticorrupção e saúde mental.

E de que forma o Pacto Global fiscaliza isso?

Ele não fiscaliza, não é seu papel. O que faz é receber esses relatórios anuais. E, no que a gente entende, o Pacto já trouxe muita coisa. Hoje se ouve falar muito em ESG - pois todo o movimento ESG foi criado dentro do Pacto. Várias iniciativas anticorrupção surgiram ali, e levaram à criação de legislações nacionais. E a gente vai monitorar se as empresas estão avançando na meta de zerar a produção de carbono.

Vocês conferem isso pelos relatórios que recebem?

Exatamente, pelos relatórios. E a partir de agora, 2023, haverá uma plataforma na internet. Todo mundo poderá saber, em determinado tema, como a empresa está se comportando. O Brasil tem seu próprio sistema - no caso, são 98 redes. E as plataformas de ação foram montadas espelhando o Instituto Ethos, que já tinha uma rede de cerca de 300 empresas. Por exemplo, tudo que se faz no setor anticorrupção é com o Ethos - que passou dessas 300 para 2 mil instituições hoje. Governo e sociedade civil juntos, discutindo como fazer mudanças no setor privado.

Vocês têm uma lista dos grandes poluidores no mundo e no Brasil, emissores de gás estufa, por exemplo?

Se a gente fala em carbono, temos as empresas de petróleo e gás como as maiores emissoras do mundo. Atrás vem o setor de cimento, que também emite muito gás estufa. E o setor de alumínio, por conta da eletricidade, que para produzir gasta combustível fóssil. E a maior parte vem dos grandes países. O G20, por exemplo, contribui com 80% das emissões resultantes da produção de energia. No Brasil é diferente. Nossa matriz elétrica e energética é muito limpa. Do que a gente tem, 44% deve-se ao que chamamos de alteração do uso do solo - por exemplo, as queimadas na Amazônia. E tem a emissão de metano, que vem da ruminação entérica do gado, e também de aterros sanitários.

O desmatamento não para e o Brasil tem os maiores lixões do planeta, não é?

Isso é o que eu mais lamento, como cidadão. Veja, se a gente colocar no tempo, a gestão de resíduos, incluindo o saneamento básico, o saneamento líquido, água e esgoto, a gente está no século 13 se formos comparar com a Europa.

Pode detalhar o estrago que isso causa ao País?

Sim. Metade da nossa população não tem acesso ao esgotamento sanitário, e uns 35 milhões de pessoas não têm acesso a água de qualidade. Mais que a grande maioria dos países do mundo. É chocante.

Como se poderia mudar, chamar a atenção das pessoas para esse problema?

É aquela velha coisa: cano enterrado não dá voto. Mas a informação pode gerar mudança. A falta de saneamento é a principal causa do absenteísmo, na escola e no trabalho. A gente precisa debater essa questão o quanto antes.

Está na hora, então, de sermos mais proativos?

Sim. Veja a pandemia de covid. No começo ninguém imaginava aquilo tudo, mas estava planejado para acontecer. E o aprendizado a respeito inclui a gente se preparar para outras.

Estadão
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