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Negócios com frutos do bioma podem fazer mata atlântica avançar no projeto desmatamento zero

Cambuci, cacau e açaí-juçara fomentam cadeia de valor em pequenas comunidades; bioeconomia é caminho para restauração ambiental

20 set 2023 - 09h10
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Todo paulistano conhece ou já ouviu falar do Cambuci, certo? Mas não estamos nos referindo ao bairro paulistano, e sim à fruta de casca verde e formato de disco voador, tão comum até 1930 que acabou batizando aquele pedacinho da região central de São Paulo. Enquanto as árvores desapareceram da capital durante o processo de urbanização, na Serra do Mar elas viraram fonte de renda. Mais do que isso, estão contribuindo para a preservação da mata atlântica, que também se beneficia do manejo sustentável de cacau e açaí-juçara.

"A bioeconomia pode ajudar a mata atlântica a ser o primeiro bioma do País a atingir o desmatamento zero", afirma o engenheiro agrônomo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica. Diferente da Amazônia, onde o desenvolvimento passa por manter a floresta de pé, na mata atlântica o esforço não é só pela conservação dos 24% restantes do território original, mas também pela recomposição do que foi perdido. "O objetivo é plantar a floresta para gerar emprego, renda, alimento e matéria-prima", diz Pinto.

De acordo com um estudo publicado em 2022 na revista britânica People and Nature, editada pela British Ecological Society, o Brasil pode criar até 2,5 milhões de postos de trabalho com o cumprimento da meta de restaurar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030. Seriam atividades ligadas ao plantio, à coleta de sementes, à produção de mudas e a serviços técnicos, como consultoria, elaboração de projetos e monitoramento.

No caso do cambuci, o cultivo garante o sustento de uma rede composta por 40 produtores que movimenta a economia de mais de 20 municípios paulistas. Criada em 2009, a Rota do Cambuci promove festivais gastronômicos em torno da fruta, passando principalmente por cidades da região da Serra do Mar Paulista. Desde 2014, a iniciativa já comercializou 150 toneladas da fruta e impulsionou o plantio de mais de 70 mil árvores nativas do bioma. Cada cambucizeiro produz cerca de 300 quilos da fruta por ano.

A maioria dos pequenos produtores concentra a venda nas feiras, que recebem anualmente mais de 100 mil pessoas, segundo dados do Instituto Auá, responsável pela Rota do Cambuci. "O maior desafio é vender um produto que ninguém conhece para um mercado que não existe", admite Gabriel Menezes, diretor do instituto. As vendas online fazem parte desse caminho: geleia, licor e cachaça produzidos com a fruta podem ser encontrados, por exemplo, na seção de produtos sustentáveis do Mercado Livre.

Morador de São Lourenço da Serra, a 55 quilômetros da capital, Nilson Máximo, de 52 anos, compra a colheita das famílias da comunidade onde vive e processa a fruta para produzir desde conservas caseiras de berinjela ou abobrinha com cambuci até farofas e molhos de salada feitos com a fruta. Com os festivais, Máximo e o sócio faturam cerca de R$ 6 mil mensais. "Como temos uma vida simples na zona rural, o custo de vida é mais baixo. A gente vive bem só dessa renda", diz Máximo.

Estadão
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