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Taxas futuras de juros no Brasil sobem ainda sob influência de sinalizações duras do Fed

25 set 2023 - 16h56
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As taxas dos contratos futuros de juros fecharam em alta firme nesta segunda-feira, em especial nos prazos longos, acompanhando o movimento dos rendimentos dos Treasuries, com investidores ainda repercutindo sinalizações da semana passada do Federal Reserve de que a taxa básica nos EUA seguirá alta por mais tempo.

Na última quarta-feira, o Fed anunciou a manutenção de sua taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50%, como era largamente esperado pelo mercado, mas adotou uma postura dura, com projeção de novo aumento de juros até o fim de 2023 e de uma política monetária mais apertada do que a estimada até então durante 2024.

A perspectiva de juros mais altos nos EUA já havia impulsionado a curva a termo norte-americana na última semana e seguiu fazendo efeito nesta segunda-feira, com reflexos no Brasil.

"O principal ponto (para a alta dos juros futuros hoje) é a continuidade do que vimos na semana passada. (As taxas dos) Treasuries de 10 anos estão nas máximas em muitos anos", pontuou João Vítor Freitas, analista da Toro.

"O Fomc já deixou sinalizado que é um período de taxa de juros mais alta por mais tempo. E isso acaba limitando um pouco o quanto a taxa (Selic) pode cair aqui também. Não adianta ir na contramão", acrescentou.

Para o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado, é natural que os ajustes à perspectiva de juros mais elevados nos EUA continuem a ocorrer, ainda que a comunicação mais recente do Fed tenha sido feita na semana passada.

"São bilhões de dólares e o mercado não se ajusta a uma visão mais hawkish (dura com a inflação) em um dia. Isso é algo que se arrasta ao longo das sessões", afirmou Machado.

Neste ambiente, a curva a termo brasileira aumentou sua inclinação nesta segunda-feira, com as taxas dos contratos mais longos em alta e as dos vencimentos curtíssimos próximos da estabilidade. Na prática, a estrutura a termo reflete a expectativa dos investidores de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortará novamente a taxa básica Selic em 0,50 ponto percentual em novembro, de 12,75% para 12,25% ao ano.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava em 6% as chances de o corte da taxa básica Selic em novembro ser de 0,75 ponto percentual. Já as chances de corte de 0,50 ponto percentual eram precificadas em 94%.

No fim da tarde no Brasil a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,26%, igual ao ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,58%, ante 10,53% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2026 estava em 10,34%, ante 10,247%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,62%, ante 10,511%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,965%, ante 10,846%.

Pela manhã, o relatório Focus do Banco Central indicou que as projeções do mercado para a inflação em 2023 e 2024 seguiram em 4,86% e 3,86%, respectivamente. A projeção da Selic para o fim deste ano permaneceu em 11,75% e para o fim do próximo ano seguiu em 9,00%.

Nos EUA, chamou ainda a atenção a possibilidade de paralisação de alguns serviços do governo a partir de outubro, caso o Congresso não aprove um financiamento para o ano fiscal que começa no próximo mês. A Moody's alertou que a paralisação pode ser negativa para o crédito norte-americano.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta no fim da tarde, ainda repercutindo as sinalizações do Fed.

Às 16:46 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 10,80 pontos-base, a 4,5477%.

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