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Venda de cimento pode fechar ano em queda após desempenho fraco no 1º tri, vê Snic

11 abr 2023 - 09h03
(atualizado às 10h18)
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Os fabricantes de cimento passaram a trabalhar com uma probabilidade de queda nas vendas em 2023, contra previsão de ligeira alta divulgada no início do ano, após um primeiro trimestre com declínio de cerca de 1% no volume comercializado sobre o já fraco desempenho dos três primeiros meses de 2022.

O setor começou este ano com projeção de crescimento de 0,8% nas vendas, depois que a comercialização do material em 2022 recuou mais que o esperado, caindo 2,8%, segundo dados do sindicato de fabricantes do material, Snic.

De janeiro a março, porém, as vendas de cimento no Brasil somaram 14,7 milhões de toneladas, queda de 0,8% sobre o desempenho de um ano antes, quando a comercialização do produto já havia amargado queda de 2,4% sobre o ano anterior. Por dia útil, as vendas do trimestre passado recuaram 2,3% na comparação anual.

Considerando março apenas, as vendas de cimento caíram 2,1% sobre um ano antes, a 5,4 milhões de toneladas.

"A visão para 2023 era andar de lado...mas pelo que estamos vendo até agora, estamos apostando em uma neutralidade ou um caminho negativo", disse o presidente do Snic, Paulo Camillo Penna. "Para esse ano, as coisas começaram a ganhar uma velocidade menor do que a esperada", acrescentou.

O desempenho fraco do trimestre passado já era esperado pela entidade diante do forte período de chuvas em várias regiões do país, o que afetou obras em andamento. Questionado sobre o segundo trimestre, Penna afirmou que as vendas de abril não estão inspirando "nenhuma razão objetiva" para se esperar um desempenho "muito melhor".

A razão está na série de instabilidades vistas pelo setor, além do próprio "brutal" regime de chuvas que atingiu o país no início do ano, fatores que incluem não apenas a manutenção da Selic em patamar de 13,75% ao ano como queda de financiamentos imobiliários e desaceleração de novos empreendimentos.

A expectativa do Snic para o ano só não é mais negativa em razão de uma esperada melhora no consumo de cimento a partir do segundo semestre, diante da sazonalidade do período de estiagem no país e expectativa de andamento de novos projetos do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, afirmou Penna.

Segundo a entidade, a indústria de cimento projeta um crescimento de consumo de pelo menos 8 milhões de toneladas de cimento até 2026 com a retomada do Minha Casa Minha Vida. O volume pode crescer para até 12 milhões de toneladas se as obras utilizarem paredes de concreto em vez de blocos de alvenaria.

Para o presidente do Snic, contudo, a avaliação do governo de conseguir viabilizar 2 milhões de unidades habitacionais em quatro anos soa otimista demais, com alguns pontos da retomada da faixa 1, para famílias de mais baixa renda, ainda precisando de definição.

Já o setor de saneamento, que com a aprovação do marco legal em 2020 era um dos maiores motivos de esperança de aumento no consumo de cimento do país nos próximos anos, passou a ser dúvida após decretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada que modificaram pontos importantes da legislação.

"Insegurança jurídica em setor que é intensivo em capital é sempre muito negativo", disse Penna.

O presidente do Snic afirmou ainda que, enquanto as vendas de cimento mostraram queda no primeiro trimestre, os custos do setor seguiram tendência de alta, com itens como sacaria avançando 25% no primeiro trimestre, refratários 17% e gesso 5,8% na comparação com o mesmo período de 2022.

Questionado sobre se o setor tem conseguido repassar os aumentos de custos aos preços, Penna afirmou que o cimento brasileiro "é o mais barato das Américas, a 59 dólares a tonelada" em dezembro passado. Segundo ele, no mesmo período o material era vendido no México a 85 dólares a tonelada, na Colômbia a 88 dólares, na Argentina a 113 dólares e nos Estados Unidos a 140 dólares.

No primeiro trimestre, todas as regiões do país mostraram quedas de vendas de cimento, com exceção do Nordeste, onde houve crescimento de 1,4%, a 3,1 milhões de toneladas. O Sudeste teve queda de 0,9%, Sul recuou 1,7%, Centro-Oeste apurou baixa de 3,6% e o Norte viu redução de 0,3% segundo os dados do Snic.

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