Brasil continua atraindo (muitos) investimentos estrangeiros
Volume de fusões e aquisições envolvendo investidores internacionais cresceu 8% em 2022
Mesmo com a tensão geopolítica global e as incertezas políticas e econômicas com a eleição presidencial do Brasil, o país segue como um dos principais destinos de capital estrangeiro do mundo, ocupando a quarta posição no ranking de investimentos internacionais, segundo dados mais recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgados pelo Banco Central.
E boa parte desses recursos chegam ao país por meio de transações de M&A. De acordo com levantamento do portal Fusões & Aquisições, nos nove primeiros meses de 2022 foram realizadas 215 operações envolvendo investidores estrangeiros, 8% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado e o equivalente a 16% de todas as transações realizadas no país.
Para João Caetano Magalhaes, diretor da Redirection International, empresa especializada em assessoria de M&A, os dados demonstram que apesar ter havido uma queda de 19,8% no valor dos investimentos, o país segue atrativo, principalmente para empresas que já atuam em solo brasileiro.
“Muitos investidores estreantes estão mais cautelosos e preferem aguardar um cenário mais calmo em nível global, com o desfecho da guerra entre Rússia e Ucrânia e o controle das taxas de juros, por exemplo, para definirem suas estratégias de M&A. Mas ainda assim, a longo prazo, a projeção do desempenho brasileiro é muito positiva se comparada a outros mercados emergentes”, explica.
O especialista destaca três fatores que diferenciam o mercado brasileiro de outros países e que mantêm a atração de investimentos no Brasil:
Retomada Econômica
O Brasil foi um dos primeiros a reagir ao aumento da inflação mundial e está na contramão da economia global, com perspectivas de crescimento econômico. A atratividade de M&A deve permanecer nos próximos meses com a expectativa do fim do ciclo de alta nos juros e a retomada na geração de empregos que vem sendo registrada nos últimos meses.
Diversidade do mercado
O Brasil tem ativos com valores atraentes e grande exposição aos setores que os investidores estão em busca em nível global, principalmente nas áreas de tecnologia, financeira, agronegócio e biotecnologia.
Contexto Global
Países que historicamente disputam capital estrangeiro com o Brasil não estão atraentes neste momento devido a fatores internos como, por exemplo, na Argentina, Rússia e Turquia.
“Além da guerra entre Rússia e Ucrânia, há diversos riscos geopolíticos lá fora, como a possibilidade de recessão em algumas das principais economias do mundo, com a alta dos juros e da inflação e a crise energética. São fatores que colocam o Brasil em uma posição confortável em relação a outras nações”, destaca João Caetano Magalhães.
Missão comercial em busca de novos investimentos
De olho nos investidores estrangeiros, a Redirection International realizou uma missão comercial ao Reino Unido no final de setembro e início de outubro. Durante a visita os sócios da empresa participaram de reuniões com fundos de investimentos e corporações britânicas ativas ou com estratégia de atuação no Brasil e de eventos da Canning House (organização britânica não-governamental dedicada ao desenvolvimento socioeconômico da América Latina), com especialistas brasileiros e das universidades de Oxford e King’s College.
Além disso, foi realizado um encontro com foco no mercado financeiro, em parceria com a Câmara Brasileira de Comércio do Reino Unido, o Governo Britânico e a fintech brasileira Ebanx, que tem escritório em Londres.
“Os dois eventos atraíram uma grande e qualificada audiência. Ficou evidente o grande interesse de empresas e investidores no Brasil e suas perspectivas econômicas e políticas. A confiança é alta no país, e todos estão muito atentos às enormes oportunidades da região. Embora ainda haja alguma apreensão por conta das eleições no Brasil, já estava claro que a composição do Congresso teria uma maioria alinhada com reformas e liberdade econômica, evitando problemas com um possível governo mais socialista, como aconteceu recentemente em vários países da América do Sul”, afirma João Caetano Magalhães.
Segundo o economista britânico Adam Patterson, sócio da Redirection e Vice-Presidente da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil seção Paraná, a missão comercial ajudou a ampliar o conhecimento do ambiente de negócio brasileiro. “Com certeza há muito interesse dos investidores e empresas no mercado brasileiro. Já somos o terceiro maior investidor no Brasil e essa tendência deve continuar nos próximos anos. O Brasil é um mercado grande demais para se ignorar e é mais atrativo que outros mercados emergentes”.
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