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Congelamento de preços: quem viveu conta como foi nos anos 80 

22 jun 2022 - 05h00
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Foto: Adobe Stock

Em maio de 2022, a inflação de preços ao consumidor, medida pelo IPCA, teve aumento de 11,75% no ano. A subida nos preços vivida hoje lembrou alguns brasileiros de um outro período da história brasileira, quando havia hiperinflação e descontrole nos preços: a década de 1980, também chamada de década perdida, pela situação econômica.

O ministro da economia, Paulo Guedes, teria sugerido a empresários um congelamento de preços, o que depois foi negado pelo ministro. Já temos também, no Brasil, um histórico de congelamento de preços. 

O governo do presidente José Sarney implementou, em 28 de fevereiro de 1986, um plano de combate à inflação que ficou conhecido como Plano Cruzado, o nome da nova moeda brasileira que substituiu o cruzeiro. 

Parte desse plano era o congelamento de preços - todos os preços foram congelados, e nomeou-se também como agente fiscalizador qualquer pessoa do povo, o que na época ficou conhecido como “fiscais do Sarney”. 

Este plano surgiu quando havia trajetória ascendente da inflação, que atingiu uma taxa anual de 517% nos meses de janeiro e fevereiro de 1986, de acordo com o índice geral de preços da Fundação Getulio Vargas. Nove meses depois, o Plano Cruzado fracassou e a inflação voltou, e no primeiro bimestre de 1987 a taxa anual de inflação já estava em 337%.

Dirce Garcia, 70 anos, se recorda dessa época, e afirma que hoje a situação é pior. “Nunca vi nada como agora, nem na década de 80”. De acordo com a aposentada: “Cada dia que você vem (no supermercado) é um preço diferente, é o que eu tenho observado. Sexta-feira o leite era um preço, eu não levei, hoje (segunda-feira) eu fui ver e está mais caro”. Entre os produtos que ela observa terem maiores altas estão legumes e verduras: “Está mais difícil comprar legumes e verduras, não compro como comprava antes”.

Silvia Brandão, aposentada, 68 anos, lembra sobre o congelamento de preços em 86: “O congelamento de preços deu uma freada por um tempo, mas não adiantou muito”. Sobre o  aumento de preços hoje, ela conta que é tema de conversa na sua família: “Eu vejo pelos meus filhos, que são casados, cada vez que eles vão no supermercado também falam que nunca é menos o que gastam, sempre é mais”. 

Ela opina que hoje a situação está tão ruim quanto nos anos 80, e conta os ajustes que faz nas compras: “Tem muita insegurança. Eu o supérfluo eu risquei da minha vida, hoje eu compro o que eu posso, se possível em oferta. A carne de primeira, por exemplo, eu compro esporadicamente, hoje compro mais carne moída, carne de panela”, explicou.  

O engenheiro Sidney Torqui, 57 anos, opina que a inflação na década de 80 era bem diferente de hoje, e para ele, antigamente a inflação era pior: “Você tinha um preço de manhã, de tarde tinha outro”. Sobre o congelamento de preços, ele comenta: “Não funcionou. E não funciona pois começa a subir o preço das coisas em paralelo, não tem como manter. Se sobe a gasolina, não tem como você vai manter o mesmo preço das coisas, se o transporte influi”. 

Além disso, ele aponta outra diferença que observa entre hoje e o passado: “Antigamente você tinha emprego, então apesar de estar subindo o preço das coisas você tinha emprego, hoje não, você tem um problema duplo aí, o preço aumenta e não tem emprego, antes você tinha pelo menos uma renda”.

Redação Dinheiro em Dia
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