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Lula, Bolsonaro ou nulo: como votarão os economistas no segundo turno

Economistas ouvidos pelo 'Estadão' dizem se dividir entre a candidatura petista ou anular o voto na eleição; Elena Landau, economista de Tebet, afirmou votar 'contra reeleição'

5 out 2022 - 16h07
(atualizado às 18h08)
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Coordenadora econômica do programa de Simone Tebet (MDB), Elena Landau afirmou que votará "contra a reeleição" do presidente Jair Bolsonaro. Sem citar o ex-presidente Lula, a economista disse acreditar ser importante limitar os "arrombos" de Bolsonaro, especialmente depois de conhecida a composição no novo Congresso Nacional.

"Esse Congresso, com Bolsonaro, pode passar qualquer coisa. E duas coisas me preocupam especialmente: a ambiental e o Supremo Tribunal Federal (STF)", destacou.

Landau disse ainda esperar qual vai ser a resposta da campanha de Lula após Tebet ter declarado voto ao candidato e defendido as propostas econômicas fundamentais do MDB. "Vamos ver se Lula vai incorporar os pedidos."

Outros economistas consultados pelo Estadão também indicaram que devem escolher Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou anular o voto na disputa presidencial deste ano. O petista disputa o segundo turno com Jair Bolsonaro (PL), que não foi citado pelos entrevistados.

Os que apontam o voto em Lula justificam a escolha com o risco de uma piora das instituições democráticas em um eventual segundo mandato de Bolsonaro, os sinais de que o petista possa fazer um governo de perfil econômico mais ortodoxo, e a preocupação com a política atual para o meio ambiente. Os que anulam justificam os casos de corrupção nas gestões do Partido dos Trabalhadores e enxergam os petistas pouco comprometidos com a liberdade de expressão.

Ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga declarou, na terça-feira, 4, que desistiu de anular e vai votar em Lula. Para o economista, a margem de 6 milhões de votos entre Lula e Bolsonaro no primeiro turno é insuficiente para decidir a eleição. "Vou declarar apoio a Lula. Pensei em anular para indicar pouca confiança nos dois finalistas, pensando nas oportunidades desperdiçadas pelo PT no poder. Não vejo uma margem suficiente e, como já disse, os riscos aumentaram", afirmou ao Estadão/Broadcast.

Armínio Fraga pensou em anular no segundo turno, mas decidiu votar em Lula
Armínio Fraga pensou em anular no segundo turno, mas decidiu votar em Lula
Foto: Fábio Motta/Estadão / Estadão

O economista Eduardo Giannetti, que, em 2014, foi assessor econômico da então candidata Marina Silva, também afirmou que votará em Lula. Giannetti disse acreditar que um eventual novo governo Lula seria parecido ao do primeiro mandato do petista, quando a política econômica adotada foi mais ortodoxa, respeitando o equilíbrio fiscal, mas abrindo espaço para medidas sociais.

Giannetti destacou que "jamais" votaria em um candidato que "elogia torturador, que faz vistas grossas para a destruição do nosso patrimônio ambiental, que não tem o menor apreço pelo conhecimento, pela educação, pela cultura, que, de fato, ameaça a nossa democracia de várias maneiras e que teve um papel simplesmente desastroso, para não dizer trágico, na gestão da pandemia".

Assessor econômico de Marina Silva nas últimas eleições, Eduardo Giannetti também vai votar em Lula
Assessor econômico de Marina Silva nas últimas eleições, Eduardo Giannetti também vai votar em Lula
Foto: Gabriela Biló/Estadão / Estadão

Nesta quarta, 5, foi a vez de o economista José Alexandre Scheinkman, professor da Universidade de Columbia, apontar o voto no petista. "Embora nenhum dos dois seja um candidato dos sonhos, a minha opção é clara. Eu vou votar no Lula". Scheinkman afirmou que está preocupado com a imagem internacional por causa da política climática adotada pelo Brasil nos últimos anos. "Eu acho que é uma questão importante para um país que quer receber investimentos externos."

Assessor de Ciro Gomes na campanha presidencial, Nelson Marconi também declarou voto no petista nesta quarta. O economista diz que segue a orientação das lideranças do seu partido, o PDT, e entende que Lula "é a única opção frente à barbárie bolsonarista, ainda que discorde de diversos pontos programáticos e da prática adotada durante a campanha."

Edmar Bacha, que assessorou a campanha de Simone Tebet (MDB) neste ano, rejeitou o voto em Bolsonaro e disse que aguarda "um pronunciamento de Lula sobre a economia" para tomar uma decisão final. Bacha integrou a equipe que criou o plano Real e foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na gestão de Fernando Henrique Cardoso.

Edmar Bacha rejeita Bolsonaro e diz que aguarda posicionamento do Lula sobre a economia
Edmar Bacha rejeita Bolsonaro e diz que aguarda posicionamento do Lula sobre a economia
Foto: Tiago Queiroz/Estadão / Estadão

O ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, por sua vez, afirmou que vai anular o voto e ser oposição ao candidato que vencer as eleições. Ele diz não poder votar no ex-presidente Lula, por causa dos "sérios problemas de corrupção que ele criou", nem no presidente Jair Bolsonaro, cujo governo "trabalhou o tempo todo parar terminar com as instituições do Brasil" e que não tem "respeito pela democracia".

"O Brasil não merece nenhum dos dois. O Brasil merece que a sociedade civil se mobilize para viabilizar, na próxima eleição, um candidato que produza algo para o País", afirmou. No primeiro turno, Pastore votou em Simone Tebet (MDB) por considerar que ela tinha um "programa de terceira via progressista, com olhar para o desenvolvimento econômico inclusivo, para o meio ambiente e para a responsabilidade social".

Pastore votou em Simone Tebet (MDB) e vai anular no segundo turno
Pastore votou em Simone Tebet (MDB) e vai anular no segundo turno
Foto: Werther Santana/Estadão / Estadão

Ex-diretor do BC, Alexandre Schwartsman seguiu a mesma linha e declarou voto nulo neste segundo turno. Ele diz que "não tem como votar" em Bolsonaro e que Lula e o PT não "têm compromisso com a liberdade de expressão, que só vale se for para o partido".

Estadão
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