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De camelô a bilionário, conheça trajetória de Silvio Santos

Empresário mais carismático do Brasil construiu um império usando a TV para divulgar seus empreendimentos

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De origem humilde, Silvio Santos ergueu um império que reúne emissoras de TV, empresa de cosméticos e hotel
De origem humilde, Silvio Santos ergueu um império que reúne emissoras de TV, empresa de cosméticos e hotel
Foto: Antonio Cruz / ABr

Qual brasileiro nunca ouviu falar de Silvio Santos? Um dos rostos mais conhecidos do país, o carismático apresentador é tão popular que já esteve prestes a se candidatar à presidência. A simpatia, no entanto, está longe de ser o único trunfo de um dos homens mais ricos do Brasil. Por trás do sorriso que alegra as tardes de domingo de milhões de brasileiros está um dos mais talentosos empreendedores da história do país, que soube, como poucos, explorar o potencial da economia popular e dos meios de comunicação de massa para criar um império empresarial que vai muito além do SBT.   

Filho de dois imigrantes judeus nascidos no antigo Império Otomano (seu pai, Alberto, era de uma região que hoje pertence à Grécia, enquanto sua mãe, Rebecca, era de uma cidade que atualmente fica na Turquia), Senor Abravanel, nome de batismo de Silvio Santos, nasceu em 12 de dezembro de 1930, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro.

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Ele tinha cinco irmãos, mas era com Leon, seu irmão mais novo, que ele se dava melhor e sempre arrumava um jeito de ir de graça às sessões de cinema na Cinelândia. Durante as eleições de 1946, Silvio, então com 14 anos, viu um homem que vendia capinhas de plástico para guardar títulos de eleitor nas ruas do Rio de Janeiro, e teve seu primeiro gesto como empreendedor ao decidir fazer o mesmo. Como a repressão da polícia ao comércio ambulante era grande, ele e Leon vendiam seus produtos na rua por apenas 45 minutos por dia, que era o tempo de almoço dos guardas. 

Das ruas para o rádio

O potencial da voz de Silvio logo chamou a atenção nas ruas do Rio, e ele foi convidado para fazer um teste na Rádio Guanabara. Passou em primeiro lugar, superando nomes como Chico Anysio, mas logo voltou a trabalhar como ambulante, onde faturava mais. Aos 18 anos, ele foi convocado pelo Exército e passou a servir na Escola de Paraquedistas, onde chegou a realizar alguns saltos. Como a carreira de camelô era incompatível com a de militar, ele voltou a trabalhar como locutor em uma rádio de Niterói nos dias de folga, para ter uma renda extra.

Para ir trabalhar em Niterói, Silvio pegava todos os dias a barca que cruza a Baía de Guanabara, e em uma das viagens ele teve a ideia de montar um serviço de alto-falantes no transporte, que até então era silencioso. Nos intervalos entre uma música e outra, ele fazia propagandas de alguns produtos. A iniciativa fez tanto sucesso que algumas barcas passaram a contar com um bar e um bingo. Ao comprar uma bebida ou refrigerante, o consumidor ganhava uma cartela de bingo para concorrer a prêmios como jarras e quadros. A ideia veio de Silvio, é claro.

Aos 20 anos, o jovem radialista decidiu tentar a vida em São Paulo, onde apresentava espetáculos e sorteios em caravanas de artistas. Nesta época, acabou se formando como técnico em contabilidade, mas decidiu seguir na carreira artística, conseguindo uma nova vaga como locutor de rádio da Rádio Nacional de São Paulo. Para incrementar a renda, ele criou uma revista chamada “Brincadeiras para Você”, que trazia palavras cruzadas, passatempos e charadas, e era vendida por ele nos comércios da cidade.

Baú de oportunidades

O talento para os negócios abriu as portas para o empreendimento que transformaria Silvio em bilionário. Em 1958, seu amigo e também radialista Manoel da Nóbrega estava com dificuldades para administrar uma empresa de venda de brinquedos a prazo. O Baú da Felicidade era um sistema de carnês em que o cliente pagava as prestações de uma caixa de brinquedos ao longo do ano e recebia os produtos na época do Natal. Nóbrega havia vendido muitos carnês, mas estava com dificuldade para entregar as mercadorias, então pediu a ajuda de Silvio para resolver a situação antes de fechar a empresa. Acontece que Silvio Santos viu no Baú da Felicidade uma grande oportunidade e assumiu o controle total da empresa. Era o início do que em 1962 viria a se tornar o Grupo Silvio Santos. 

O apresentador manteve o sistema de crediário, mas expandiu o negócio, criando lojas em que as pessoas poderiam trocar os carnês quitados tanto por brinquedos quanto eletrodomésticos. Além disso, em 1961 Silvio Santos estreou seu primeiro programa na TV, chamado “Vamos Brincar de Forca” – que mais tarde se tornaria o “Programa Silvio Santos” –, onde passou a fazer propaganda do Baú da Felicidade. 

Com o tempo, o Baú passou a distribuir não só brinquedos e eletrodomésticos, mas uma enorme gama de produtos, incluindo carros e casas. E para suprir as demandas do empreendimento, Silvio criou empresas nas mais variadas áreas. Entre 1965 e 1975 ele fundou ou comprou mais de dez empreendimentos – como a Baú Construtora, a concessionária Vimave e a Marca Filmes – que em 1972 passaram a ser administradas pela holding Silvio Santos S/A. 

O coração do Grupo Silvio Santos, no entanto, era sua divisão financeira. No cenário de inflação alta do fim dos anos 1960, o empresário e apresentador se deu conta de que era preciso aplicar o dinheiro das prestações do carnê do Baú para que esse capital não se desvalorizasse até o fim do ano. Assim, em 1969 ele fundou a Baú Financeira, embrião do que, 21 anos depois, se transformaria no Banco PanAmericano. Em 1975, a divisão financeira do Grupo Silvio Santos ganharia ainda o reforço da Liderança Capitalização, que em 1991 passou a comercializar a TeleSena. 

Surge o SBT

Apresentador e empresário de sucesso, na década de 1970 Silvio Santos começou a pensar em ter sua própria emissora de TV. O sonho foi concretizado em 1975, quando venceu a concorrência para o Canal 11, do Rio de Janeiro. A emissora, chamada TVS, começou a operar com mais de 13 mil funcionários e contou com um investimento inicial de US$ 10 milhões.

Em 1981, Silvio ganhou a concessão de mais quatro canais, que juntos passariam a formar o Sistema Brasileiro de Televisão, ou SBT. Toda sua popularidade à frente das câmeras rendeu, inclusive, convites para que ele entrasse no mundo da política, o que quase aconteceu nas eleições presidenciais de 1989. Ele chegou a lançar campanha na televisão, mas a candidatura acabou barrada na Justiça sob a alegação de que ele era dono de uma concessionária de TV.

Ao longo das décadas de 1980 e 1990, Silvio se dedicou especialmente à consolidação e expansão do SBT, mas nos anos 2000 voltou a se aventurar em novas áreas. Em 2006 fundou a Jequiti cosméticos e, em 2007, inaugurou o hotel Sofitel Jequitimar Guarujá.

Depois de cinco décadas de prosperidade, no entanto,  o Grupo Silvio Santos passou por uma situação delicada no começo desta década. No final de 2010 foi descoberto um rombo de R$ 4,3 bilhões no Banco PanAmericano, o que levou o empresário a cogitar vender todo o seu império e ir morar nos Estados Unidos. Porém, resolveu empenhar várias de suas empresas para quitar a dívida e apostou suas fichas na Jequiti, que vem crescendo cerca de 20% ao ano, o dobro da taxa registrada pelo setor de cosméticos. Passados quatro anos da crise, o Grupo Silvio Santos segue firme graças ao talento para os negócios de seu proprietário, tendo faturado US$ 5,9 bilhões em 2013, com um lucro de US$ 800 mil.

Fonte: PrimaPagina
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