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Diretório Nacional do PT propõe convocar Campos Neto para explicar política de juros no Congresso

Resolução foi aprovada pelo Diretório Nacional do partido e será apresentada no Legislativo para obrigar Campos Neto a prestar esclarecimentos sobre política de juros

13 fev 2023 - 17h42
(atualizado em 14/2/2023 às 14h54)
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Campos Neto, presidente do BC.
Campos Neto, presidente do BC.
Foto: Gabriela Biló/Estadão / Estadão

A cúpula do PT endureceu o discurso contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em reunião realizada nesta segunda-feira, 13, o Diretório Nacional do partido aprovou uma resolução que orienta as bancadas petistas na Câmara e no Senado a convocar Campos Neto para que ele preste esclarecimentos ao Congresso sobre o motivo de manter os juros altos. Como mostrou o Estadão, dirigentes do PT não apenas endossam a pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central para reduzir a taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, como avaliam que é preciso pregar a reorientação da política monetária e da meta de inflação.

Há na Câmara, atualmente, um requerimento de autoria do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) com um convite para Campos Neto ir ao Congresso. A presidente do PT, deputada Gleisi Hofmann, disse, porém, que o partido optou pela convocação, após acalorado debate sobre o assunto.

"Se ele pode dar entrevista ao Roda Viva, por que não pode prestar esclarecimentos sobre essa política de juros exorbitantes ao Congresso?", perguntou Gleisi, numa referência à participação do presidente do Banco Central, na noite desta segunda-feira, no programa da TV Cultura. "Nós também estamos pedindo a revisão dessa meta fiscal porque isso é um absurdo. Temos de desmistificar o fiscal. Não é possível que o fiscal seja algo que vá direção o crescimento econômico. Não temos risco fiscal no País", completou a deputada.

Gleisi reiterou que, embora o Banco Central tenha autonomia, ninguém é imexivel no cargo. "Nós queremos que ele (Campos Neto) vá ao Congresso para explicar o que está acontecendo e tentar justificar essa política, que acho injustificável, e ter sensibilidade para mudar sua posição. Nós queremos ter crescimento e emprego no Brasil, e não recessão", disse ela.

Durante a reunião do Diretório Nacional houve uma polêmica referente à possibilidade de convocação do presidente do Banco Central, uma vez que a instituição tem autonomia. "Há um decreto de 2021 que coloca Campos Neto como ministro. Com status de ministro, ele é passível de convocação. Não dá para o Congresso abrir mão de inquiri-lo", afirmou Gleisi.

O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), disse preferir um convite a Campos Neto. "O ideal é que ele vá se explicar no plenário, e não em uma comissão, já que o tema interessa a todos", argumentou. "Aí baixa a tensão e joga água fria nisso."

O convite é um processo mais simples. Na convocação, a autoridade é obrigada a comparecer ao Congresso para se explicar. O Diretório do PT sugeriu essa forma mais dura às bancadas. Depois de apresentado o requerimento, a proposta precisa ser aprovada em alguma comissão da Câmara ou no Senado.

O texto final da resolução petista será apresentado somente nesta terça-feira, 14. Um dos trechos diz que a atual política monetária do Banco Central impede o crescimento do País e não controla a inflação.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também compareceu à reunião do PT e disse que os juros no Brasil são totalmente "fora de propósito". Em uma exposição de aproximadamente 40 minutos, ele afirmou que em nenhum país do mundo esse patamar é tão alto.

Na próxima quinta-feira, Haddad participará da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), ao lado de Campos Neto e da ministra do Planejamento, Simone Tebet.

O Palácio do Planalto e a cúpula do PT querem que o CMN trate, nesse encontro, da mudança da meta de inflação, hoje em 3,25%. Lula já propôs que a meta fique em 4,5% para diminuir o arrocho fiscal.

Diante da plateia formada por dirigentes e parlamentares do PT, Haddad pediu apoio às propostas que serão apresentadas pelo governo na tentativa de estabilizar a economia.

O PT também aprovou no encontro a revisão da privatização da Eletrobrás. "Queremos que a Eletrobrás retorne ao comando do Estado brasileiro porque é crucial para o desenvolvimento do País", observou Gleisi.

O mandato de Gleisi na presidência do PT e dos dirigentes do partido nos Estados terminaria neste ano, mas foi prorrogado até 2025. Haverá uma reunião extraordinária para definir os mandatos das direções municipais.

Além disso, o partido aprovou mudanças na cúpula nacional. O ex-deputado Henrique Fontana (RS) será agora secretário-geral do partido no lugar de Paulo Teixeira, nomeado ministro do Desenvolvimento Agrário. O senador Humberto Costa (PE) foi escolhido vice-presidente do PT, substituindo Márcio Macêdo, hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Já Paulo Okamotto vai presidir a Fundação Perseu Abramo, que era dirigida por Aloízio Mercadante, atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Estadão
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