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Discurso de Haddad, Tebet e Alckmin em defesa do corte de gastos reduz pressão sobre o dólar

Moeda americana havia alcançado R$ 5,42 no início da manhã, mas recuou 0,61%, para R$ 5,37, após declarações de integrantes do governo

13 jun 2024 - 16h57
(atualizado às 17h06)
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Simone Tebet e Fernando Haddad
Simone Tebet e Fernando Haddad
Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Após o estresse dos últimos dias, provocado sobretudo pelas incertezas em relação ao ajuste fiscal, integrantes do governo afinaram o discurso para tentar melhorar o humor do mercado financeiro. Em entrevista conjunta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, saíram em defesa da revisão dos gastos públicos, o que aplacou, por ora, a pressão que o dólar vinha sofrendo.

A moeda americana que, no início da manhã, chegou a R$ 5,42, recuou a R$ 5,37, com queda de 0,61%. A entrevista foi uma resposta às críticas do mercado financeiro à ênfase dada pelo governo ao aumento da arrecadação.

Na quarta-feira, 12, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, para ele, o ajuste fiscal se dá via aumento de receitas e de redução de juros, sem mencionar corte de gastos. "Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal. O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público", disse.

O mercado não recebeu bem a declaração, já que o presidente mencionou a queda da taxa de juros, que não é uma atribuição do Executivo e sim do Banco Central. O comentário gera maior desconfiança sobre a futura gestão do banco a partir de 2025. Há temor de que o próximo BC tenha uma postura mais frouxa na política monetária, seja tolerante com a inflação e corte juros.

Depois do mal-estar, coube aos ministros apagar o incêndio. Além do dólar, o discurso de Haddad e Tebet movimentou os mercados domésticos e destravou o movimento de queda dos juros futuros. O Ibovespa, principal índice da B3, teve ligeira alta de 0,08%, rompendo os 120 mil pontos.

Em seu discurso, Haddad garantiu que a Fazenda está "absolutamente" sintonizada com o Planejamento na agenda de revisão de gastos. Tebet disse haver margem para rever despesa e que o governo não quer aumentar a carga tributária.

Em evento no Rio, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, também engrossou o coro em favor do controle de gastos e do compromisso do governo com a responsabilidade fiscal. Antes das falas conjuntas, o dólar passava por uma relativa acomodação frente ao real, após bater os R$ 5,42, refletindo a cautela fiscal e sinais de desgaste de Haddad.

Há uma preocupação dos investidores de que Haddad esteja perdendo força no governo, o que dificultaria o controle dos gastos públicos.

Desde a semana passada, o ministro vem enfrentando uma série de reveses. Na sexta-feira, 7, o dólar já havia registrado um pico de alta após Haddad participar de um evento fechado no banco Santander. No dia, a moeda americana subiu 0,5%, de R$ 5,25 para R$ 5,32.

No encontro, o ministro afirmou que há um conjunto de alternativas a serem levadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso de o crescimento das despesas obrigatórias do governo consumir o espaço para as despesas discricionárias (não obrigatórias, como recursos para custeio e investimentos) dentro da regra fiscal. Ele também não se comprometeu de forma explícita a respeitar o crescimento máximo de despesa, mas não disse que alteraria o arcabouço fiscal, um dos temores do mercado.

Em entrevista à imprensa, após a reunião, Haddad reclamou do vazamento de "informações falsas", negou mudanças no arcabouço e garantiu que, no encontro, havia dito que está disposto a contingenciar gastos.

Os problemas continuaram com a MP do PIS/Cofins, que restringia o uso dos créditos dos dois impostos, editada para compensar o custo da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e de municípios menores.

A medida, no entanto, foi devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deixando Haddad sem um plano B. Agora o Congresso discute alternativas para compensar as desonerações, atribuição que deveria ser do Ministério da Fazenda.

Estadão
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