Discussão sobre voto impresso é 'um pouco fora de propósito', diz Setubal, da Itaúsa
Empresário vê o 'fortalecimento do debate democrático e da sociedade civil' e propõe mudança de foco para assuntos como economia, saúde e educação
O presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal, afirmou que a discussão sobre o voto impresso no Brasil é "um pouco fora de propósito". O executivo espera que o assunto saia da pauta. Está prevista para esta terça-feira, 10, a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso.
"Vamos falar de coisas que realmente são importantes para a economia, educação, saúde, voltarmos a uma temática muito mais relevante para o Brasil do que ficarmos discutindo sem muito embasamento a questão da urna eletrônica e o voto impresso", disse ele, em teleconferência com a imprensa, realizada na tarde desta terça.
Ao ser questionado sobre o desfile de tanques militares nos arredores do Congresso Nacional, em Brasília, e os questionamentos em torno das eleições passadas, Setubal disse que se tratam de assuntos políticos. No entanto, vê um movimento da sociedade e de várias instituições em defesa do cumprimento da Constituição brasileira.
Manifesto pró-eleições
Na semana passada, um manifesto reuniu empresários, banqueiros, economistas, diplomatas, juristas e diversos outros representantes da sociedade civil em defesa do sistema eleitoral brasileiro. Dentre os apoiadores do documento estiveram seus irmãos Roberto e Maria Alice Setubal, mais conhecida como Neca.
Também assinaram o manifesto o ex-presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, além de Pedro Moreira Salles, que divide o comando do Conselho de Administração do banco com Roberto Setubal.
"Vemos isso (o manifesto) como uma forma de solidez das instituições, apoio ao cumprimento das instituições, das regras. Isso tudo tem fortalecido a sociedade civil, que tem se organizando melhor para enfrentar eventuais debates e discussões", avaliou o presidente da Itaúsa.
Sem citar diretamente o presidente Jair Bolsonaro, Setubal afirmou que o questionamento das eleições no Brasil tem sido levantado por "algumas pessoas e políticos" que são "parte da sociedade", mas que "vê o fortalecimento do debate democrático e da sociedade civil" como o caminho para evitar qualquer descumprimento da Constituição".