Dívida pública federal sobe 3,3% em feveiro e vai a R$ 7,49 tri, aponta Tesouro Nacional
Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, total de emissões de títulos em fevereiro foi o maior valor nominal da série histórica
BRASÍLIA - A Dívida Pública Federal (DPF) subiu 3,30% em fevereiro e fechou o mês em R$ 7,492 trilhões. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 28, pelo Tesouro Nacional. Em janeiro, o estoque estava em R$ 7,252 trilhões.
A DPF inclui a dívida interna e externa. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) teve avanço de 3,26% em fevereiro e fechou o mês em R$ 7,178 trilhões. Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) ficou 4,15% maior no mês, somando R$ 314,34 bilhões ao fim de fevereiro.
A correção de juros no estoque da DPF foi de R$ 73,65 bilhões no segundo mês de 2025, enquanto houve uma emissão líquida de R$ 165,68 bilhões.
A participação dos investidores estrangeiros no total da Dívida Pública teve baixa em fevereiro. A parcela dos investidores não residentes no Brasil no estoque da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) passou de 9,94% em janeiro para 9,65% em fevereiro de 2025.
O estoque de papéis nas mãos dos estrangeiros somou R$ 692,91 bilhões em fevereiro, ante R$ 691,15 bilhões em janeiro.
A maior participação no estoque da DPMFi continuou com as instituições financeiras, com 29,83% em fevereiro, ante 29,10% em janeiro. A parcela dos fundos de investimentos passou de 22,08% para 22,28% em fevereiro. Na sequência, o grupo Previdência foi de 24,38% para 24,08% no segundo mês de 2025. Já as seguradoras passaram de 4,01% para 3,81% na mesma comparação.
Adiamento de tarifas por Trump aumentou apetite de risco
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Helano Borges Dias, disse que, em fevereiro, a postergação do anúncio de barreiras comerciais por parte do governo de Donald Trump aumentou o apetite por risco dos agentes.
"Isso acabou contribuindo para que os agentes, de uma maneira geral, aumentassem o apetite ao risco. O Brasil até não acabou nem se beneficiando tanto desse movimento, mas a gente observou essa maior propensão ao risco dos investidores. No mercado local, a gente observou uma elevação da curva de juros, em função da revisão das expectativas dos agentes, esperando uma política monetária um pouco mais contracionista aqui no Brasil", disse.
Ele destacou a distribuição da emissão de títulos públicos no mês de fevereiro, quando houve equilíbrio entre os tipos de papéis da DPMFi. No período, foram emitidos títulos em proporção próxima de prefixados (33,8%), inflação (30,6%) e Selic (35,5%)."É uma mudança em relação ao que vínhamos observando, principalmente no perfil do ano passado", disse. Ele também comentou que a emissão externa do Global 2035 teve boa aceitação do mercado.
Emissões recorde
Borges Dias disse que não tinha números, mas podia afirmar que o total de emissões de títulos em fevereiro, tanto a emissão doméstica quanto a externa, foi o maior valor nominal da série histórica.
"Em relação à qualidade das emissões, a distribuição qualitativa mais equilibrada entre os componentes flutuantes, índice de preço prefixado, denota uma qualidade melhor da dívida pública", defendeu.
Ele destacou a substituição gradual da parcela de índices flutuantes por prefixados e índice de preços. "Além disso, se olharmos a estrutura de vencimento, temos emitido valores acima do prazo médio, ou seja, as emissões recentes que estão sendo feitas têm contribuído para aumentar o prazo médio da dívida", disse.
Na avaliação do técnico, a qualidade que vem sendo observada ao longo desse primeiro trimestre de 2025, do ponto de vista de composição e estrutura de vencimento, é positiva em relação ao que era visto no ano passado.
Cenário para março
Helano Borges Dias disse que o mês de março foi marcado pela redução do apetite de risco, muito atrelado ao cenário dos Estados Unidos, e pela perda de inclinação da curva de juros no mercado local.
"O principal vetor condutor do cenário foi a revisão dos agentes com relação à perspectiva da política monetária nos Estados Unidos. Um ambiente com um pouco mais de pressões inflacionárias, por lá, contribuiu para que reduzisse o apetite de risco dos investidores de uma maneira geral e devolvesse parte daquele ganho no CDS (Credit Default Swap, uma espécie de seguro contra o risco de calote dos países) que foi observado em fevereiro", disse.
No Brasil, a curva de juros perdeu inclinação, revertendo o movimento ocorrido em fevereiro. Ele atribuiu o movimento à reprecificação dos agentes em relação à trajetória da Selic, com uma percepção de que o nível de atividade pode estar um pouco mais abaixo do que o previamente antecipado. Outro fator relevante foi a inflação, com a divulgação do IPCA-15.
Borges destacou que março foi um mês com volume expressivo de emissões, em torno de R$ 120 bilhões, e com composição diferente da que vinha sendo observada até o ano anterior. "As LFTs ainda representaram cerca de 40% do total emitido, mas os prefixados superaram 50% das emissões", disse.
