Dólar à vista oscila perto da estabilidade com fiscal, Copom e exterior no foco
O dólar à vista oscilava perto da estabilidade ante o real nesta manhã, após ter aberto o dia em alta dando continuidade ao movimento mais recente de aversão aos ativos brasileiros, em meio a preocupações dos investidores com o equilíbrio fiscal e à cautela que antecede a decisão do Banco Central sobre juros, na quarta-feira, enquanto no exterior a moeda norte-americana avançava ante as divisas fortes.
Às 9h59 o dólar à vista subia 0,02%, a 5,4231 reais na venda. Na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,13%, aos 5,4235 reais.
Na terça-feira o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4221 reais na venda, em alta de 0,76%, na maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023 -- início do governo Lula -- quando encerrou a 5,4513 reais.
Por trás do movimento de alta mais recente do dólar ante o real está o mal-estar dos investidores com a área fiscal, em um contexto de dificuldades na relação entre governo e Congresso.
Em entrevista à rádio CBN na manhã desta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a desoneração de setores da economia sem que haja contrapartidas e disse que o governo está fazendo um estudo sério sobre o Orçamento.
Lula afirmou que "nada está descartado" pelo governo em relação ao ajuste das contas públicas, mas afirmou que a equipe econômica precisa apresentar a necessidade de cortes de despesas.
"Investidores seguem com foco na deterioração da situação fiscal. Ontem (segunda-feira) os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, conseguiram de certa forma limitar a desvalorização dos ativos locais ao falarem que existe coesão do governo federal com a pauta fiscal; mesmo com essa sinalização o dólar fechou mais uma vez em alta", pontuou nesta manhã a equipe da Commcor DTVM, em boletim a clientes.
Além da questão fiscal, investidores demonstram cautela antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, na quarta. A curva de juros brasileira precifica de forma majoritária manutenção da taxa básica Selic em 10,50% ao ano, mas o mercado estará atento aos votos do colegiado. Profissionais ouvidos pela Reuters têm ponderado que nova decisão dividida tende a estressar as cotações.
Na entrevista, Lula também voltou a criticar duramente o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmando que ele "trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar". Segundo Lula, o substituto de Campos Neto a ser escolhido por ele até o final deste ano será alguém com respeito pelo cargo e que não se submete às pressões do mercado.
No exterior, o dólar sobe ante a maior parte das demais divisas, incluindo as moedas fortes. Investidores aguardam as falas de vários dirigentes do Federal Reserve antes do feriado de quarta-feira nos EUA.
Além disso, nesta manhã o Departamento de Comércio informou que as vendas no varejo dos EUA aumentaram 0,1% no mês passado, após uma queda revisada para baixo de 0,2% em abril. Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo aumentariam 0,3% em maio.
Às 9h57, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,11%, a 105,390.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2024.