Dólar fecha abaixo de R$ 6 pela primeira vez desde dezembro; moeda deve continuar caindo?
Para analista, a moeda norte-americana está passando por um ajuste natural após excesso de valorização nos últimos dois meses de 2024
O dólar fechou nesta quarta-feira, 22, abaixo de R$ 6, a primeira vez este ano. O dólar à vista registrou queda de 1,41%, ficando em R$ 5,94, a menor cotação desde 27 de novembro de 2024, quando encerrou em R$ 5,91. Desde 11 de dezembro do ano passado, a moeda norte-americana não terminava o dia abaixo dos R$ 6.
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A moeda alcançou os R$ 6, em novembro, após uma série de desconfianças do mercado financeiro com a responsabilidade fiscal do governo. Qual deve ser a tendência agora e o que explica a atual queda do dólar?
A agência de notícias Reuters analisa que os mercados globais estão atentos a como será o novo governo dos Estados Unidos com relação à política comercial, uma vez que a promessa de imposição de tarifas de importação esteve no centro da campanha presidencial do republicano.
Apesar de renovar suas ameaças tarifárias nos primeiros dias do cargo, o republicano Donald Trump apenas orientou até agora as agências federais a investigarem os déficits comerciais dos EUA e as práticas comerciais injustas de parceiros. Até o momento, o Brasil ainda não aparece dentro do movimento de endurecimento.
Assim, a agência analisa que a abordagem de Trump está mais moderada que o esperado, fazendo com que investidores retirem um pouco o preço do dólar.
Com relação ao cenário interno, Anilson Moretti, head de câmbio da HCI Invest, afirma que, nas últimas semanas, cresceu o fluxo de dólares entrando na bolsa brasileira, o que teria impacto direto na desvalorização da moeda norte-americana.
"O fluxo de dólares em direção à bolsa brasileira tem sido robusto, com mais de 10 milhões de dólares entrando no País", diz. "Essa movimentação positiva, aliada à atuação do Banco Central com leilões diretos, tem ajudado a conter pressões sobre o valor do dólar", complementa.
Além disso, Moretti diz acreditar que há um ajuste natural que está sendo feito pelo mercado em relação aos meses de novembro e dezembro, quando o dólar bateu recorde atrás de recorde, ficando acima dos R$ 6.
A expectativa do analista, juntando esses fatores, é que o dólar fique em torno de R$ 5,82 até o final de março. "O patamar atual, portanto, reflete uma correção dos excessos de valorização do dólar observados no final do ano passado, com o mercado aguardando os próximos passos da política monetária e fiscal", considera.