Dólar tem leve baixa após dado de emprego dos EUA muito abaixo do esperado
O dólar tinha leve baixa nesta sexta-feira, em linha com o desempenho da moeda norte-americana no exterior, à medida que investidores avaliavam novos dados de emprego dos Estados Unidos que vieram significativamente abaixo do esperado por analistas, com a eleição presidencial do país ainda em foco.
Às 10h01, o dólar à vista caía 0,22%, a 5,7689 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,32%, a 5,790 reais na venda.
O Departamento de Trabalho dos EUA informou que os empregadores do país criaram 12.000 postos de trabalho em outubro, de 254.000 no mês anterior, em dado afetado por furacões recentes e greves trabalhistas, particularmente a paralisação na Boeing. Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 113.000 vagas.
Por outro lado, o relatório também mostrou que a taxa de desemprego nos EUA se manteve em 4,1% no mês, exatamente o número esperado por analistas em pesquisa da Reuters.
Apesar da incerteza sobre o significado dos dados desta sexta, influenciados pelos furacões e greves do último mês, os mercados mostravam a percepção de um mercado de trabalho mais enfraquecido, em uma reversão do que vinha se projetando nas sessões anteriores.
Operadores passaram a precificar quase completamente, com 98% de chance, um corte de 25 pontos-base nos juros pelo Fed na próxima semana. Antes dos dados, a probabilidade estava em 89%.
Com isso, os rendimentos dos Treasuries recuavam, um fator negativo para o dólar, que cedia ante seus pares fortes e emergentes após acumular ganhos mais cedo.
O rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha queda de 9 pontos-base, a 4,079%.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,06%, a 103,820.
"No factual sobre hoje, mercado reagindo então ao relatório, fazendo as taxas de juros tocarem as mínimas e dólar, como de praxe, acompanhando", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
"Não descarto mesmo mais volatilidade pela frente. Cenário do câmbio para o curto prazo será desafiador", completou.
Na próxima semana, além da decisão do Fed na quinta-feira, as atenções se voltarão à eleição presidencial dos EUA na terça. As pesquisas de opinião têm mostrado uma disputa acirrada, mas os mercados de apostas têm se inclinado para uma vitória do candidato republicano, Donald Trump.
No cenário doméstico, as preocupações do mercado com o cenário fiscal continuam mantendo o dólar em um patamar alto. Na quinta-feira, o dólar à vista teve o maior valor de fechamento desde 9 de março de 2021.
Investidores aguardam o anúncio de prometidas medidas de contenção de gastos pelo governo visando garantir a sustentação do arcabouço fiscal.
"Os investidores ainda mostram franco pessimismo e ceticismo em relação à condução das políticas fiscais, em relação à disposição do governo federal para cortar despesas públicas", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
A curva de juros brasileira acompanhava a queda nos rendimentos dos Treasuries, com as opções de vencimento mais longo mostrando baixas sólidas.