Dólar tem leve queda, em linha com emergentes, após dados de inflação nos EUA
O dólar tinha leve queda frente ao real nesta terça-feira, em linha com a fraqueza da moeda norte-americana em alguns mercados emergentes, à medida que investidores analisam dados de inflação nos Estados Unidos e comentários de membros do Banco Central ao longo da sessão.
Às 9h45, O dólar à vista caía 0,23%, a 5,4859 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,44%, a 5,483 reais na venda
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia em queda de 0,30%, cotado a 5,4984 reais
Nesta manhã, investidores globais estavam focados na divulgação de dados do índice de preços ao produtor dos EUA (PPI, na sigla em inglês) em julho, em busca de sinais sobre o progresso da batalha do Federal Reserve contra a inflação e o futuro de sua política monetária.
O Departamento de Trabalho informou que o índice teve alta de 0,1% na base mensal em julho, ante 0,2% no mês anterior, em resultado ligeiramente abaixo do esperado por economistas em pesquisa da Reuters, que projetavam um avanço de 0,2%.
Em 12 meses, o índice desacelerou para 2,2%, de 2,7% revisados para cima em junho.
Os números reforçam o argumento sobre um arrefecimento da inflação nos EUA em meio ao ciclo de aperto monetário do Fed, iniciado em 2022.
Números mais moderados de preços e de emprego já vinham sustentando as apostas de que o banco central dos EUA iniciará um ciclo de afrouxamento monetário em sua reunião de setembro, com os operadores dividindo suas apostas entre um corte de 25 ou de 50 pontos-base.
Em tese, quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo para investidores estrangeiros, gerando um redirecionamento de capital para locais com ativos mais rentáveis, como o Brasil.
"Acho que no front externo o PPI ajudou e aliviou o dólar... isso em movimento global. Me parece um movimento bem alinhado", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Na quarta-feira, todas as atenções se voltarão para a divulgação do índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) de julho, que mostrarão como as pressões inflacionários estão chegando aos consumidores norte-americanos.
Analistas consultados pela Reuters projetam aceleração do índice na base mensal para 0,2%, ante queda de 0,1% no mês anterior. Em 12 meses, a pesquisa aponta para alta de 3,0%, mesmo nível de junho.
Dessa forma, o dólar mostrava fraqueza em mercados emergentes, caindo ante o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
No cenário nacional, investidores estarão focados em eventos com a participação de membros do BC, em busca de qualquer indicação sobre a trajetória futura da Selic, mantida em 10,50% ao ano nas duas últimas reuniões da autoridade monetária.
O presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, participará de audiência pública na Câmara dos Deputados às 10h, enquanto o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, comparece ao evento "Finance of Tomorrow", no Rio de Janeiro.
Na segunda-feira, Galípolo, em particular, comentou sobre a recente volatilidade do dólar no Brasil, que chegou a ultrapassar 5,86 reais há uma semana.
Segundo ele, não há um problema de liquidez no mercado de câmbio à vista brasileiro e que o BC também avaliou que não seria correto fazer uma atuação extraordinária no mercado de derivativos nos momentos de pico do dólar.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,01%, a 103,070.