Dólar atinge maior alta desde abril de 2005, R$ 2,6007
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 700 milhões
Após passar boa parte da sessão em alta firme, o dólar fechou com avanço mais fraco, na casa de R$ 2,60, nesta sexta-feira, após o Banco Central ampliar a oferta de swaps cambiais para rolagem, indicando que não está confortável com a forte pressão recente sobre o câmbio.
Contudo, operadores acreditavam que a rolagem maior não será suficiente para interromper a escalada da moeda americana, que fechou em queda em apenas um pregão neste mês, devido o quadro de incertezas na economia nacional deve manter investidores apreensivos.
O dólar subiu 0,23% a R$ 2,6007 na venda, maior patamar de fechamento desde abril de 2005. Durante o dia, a divisa chegou a ser negociada a R$ 2,6300 na máxima desta sessão, maior patamar intradia desde 5 de abril de 2005, quando foi a R$ 2,6330.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 700 milhões (aproximadamente R$ 1,8 bilhões). Na semana, a divisa acumulou alta de 1,46% e no mês, até esta sexta-feira, o dólar acumula alta de 4,92%.
"Se o BC quiser segurar essa alta do dólar, vai precisar fazer mais", disse Mario Battistel, gerente de câmbio da corretora Fair. "O problema não é uma falta técnica de dólares, são especulações por causa das incertezas. E enquanto o próximo ministro da Fazenda fica no ar, a especulação corre solta".
Especulações aceleram dólar
Investidores vêm mostrando forte preocupação com a perspectiva para a política fiscal, criticada por ser pouco transparente. Um possível sinal de mudança, na avaliação dos analistas, seria a nomeação de um ministro da Fazenda com perfil mais ortodoxo no lugar de Guido Mantega.
"O fator macro é de valorização do dólar no longo prazo, mas um ministro da Fazenda que agrade mais os mercados... pode aliviar um pouco no curto prazo", disse o operador da corretora WinTrade Renato Magliari.
Os nomes mais citados para o posto são o ex-secretário-executivo da Fazenda Nelson Barbosa, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o atual presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini. De longe, o preferido dos mercados é Meirelles.
"O mercado vem absorvendo as incertezas. Toda vez que o pessoal lembra que as coisas não estão fáceis e a perspectiva está longe de ser tranquila, corre para se proteger no dólar", afirmou o operador da corretora Walpires José Carlos Amado.
Ele acrescentou que a indefinição subiu mais um nível nesta sessão após a Polícia Federal lançar nova fase da operação Lava Jato e que envolve "grandes empresas", o que pode impactar a confiança dos agentes econômicos e afetar a economia real.
O mercado também estava mais sensível nesta sexta-feira pela Petrobras, que anunciou que não divulgará seu balanço nesta semana, pois pretende aprofundar as investigações referentes às denúncias de corrupção na operação Lava Jato, abalando ainda mais a confiança dos investidores.
BC venderá mais dólares
Na segunda-feira, o BC ofertará até 14 mil swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem em 1º de dezembro e correspondem a US$ 9,831 bilhões.
Até então, o BC vinha ofertando até 9 mil papéis por leilão. Se mantiver o novo ritmo e vender os lotes integralmente até o penúltimo pregão do mês, como tem ocorrido nas últimas rolagens, rolará praticamente todo o lote do mês que vem.
Ou seja, sem aumentar sua posição em swaps, em termos líquidos. O anúncio veio logo após o leilão de rolagem desta sessão, no qual a autoridade monetária vendeu a oferta total. Até agora, foram rolados cerca de 40% do lote total.
Nesta manhã, o BC vendeu também a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias.
Foram vendidos 3,25 mil contratos para 1º de junho e 750 contratos para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,4 milhões.