Dólar avança em linha com o exterior após notícia sobre planos tarifários de Trump
O dólar subia frente ao real nesta quarta-feira, em linha com os ganhos nos mercados globais, à medida que os investidores reagiam a novas notícias sobre os planos tarifários do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e a dados sólidos da maior economia do mundo.
Às 9h36, o dólar à vista subia 0,6%, a 6,1420 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,51%, a 6,161 reais na venda.
Nesta manhã, o foco dos investidores estava no cenário externo, uma vez que os mercados seguem se posicionando para o início do governo Trump, que retorna à Casa Branca em 20 de janeiro.
A CNN informou mais cedo que o presidente eleito está considerando declarar emergência econômica nacional nos EUA como uma forma de garantir justificativa legal para a imposição de tarifas de importação sobre aliados e adversários quando tomar posse.
Após a notícia, os agentes financeiros voltaram a demonstrar receios pelas promessas tarifárias do republicano, que são consideradas inflacionárias por analistas, o que pode manter a taxa de juros dos EUA elevada e aumentar os rendimentos dos Treasuries, tornando o dólar mais atrativo.
O movimento era uma reversão do maior apetite por risco observado na segunda-feira, quando uma reportagem do The Washington Post havia sugerido que assessores de Trump estariam planejando tarifas apenas sobre importações de setores críticos para os EUA, o que fez a moeda norte-americana ceder.
Os mercados também continuam digerindo dados divulgados na terça-feira que reforçaram a percepção de resiliência da economia norte-americana, um outro impulso para o dólar.
Um relatório do governo mostrou que o número de vagas de emprego em aberto para o mês de novembro teve uma alta inesperada, sinalizando que o mercado de trabalho dos EUA continua sólido, apesar de desacelerar gradualmente.
Uma pesquisa do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) ainda apontou que o setor de serviços dos EUA, que compõe dois terços da economia do país, voltou a acelerar sua expansão em dezembro.
Os dados recentes sobre a economia dos EUA têm consolidado as expectativas de que o Federal Reserve reduzirá o ritmo de afrouxamento da política monetária, com 95% de chance das autoridades manterem os juros inalterados na reunião deste mês.
"Esse conjunto de informações, mercado de trabalho mais aquecido, atividade de serviços mais aquecida e uma possível resiliência inflacionária no setor de serviços, todos sugerem a ideia de que o Federal Reserve não vai ter muito espaço para novos cortes de juros", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
O Fed divulga mais tarde a ata da reunião de política monetária de dezembro, quando reduziu os juros em 25 pontos-base, encerrando o ano de 2024 com 100 pontos acumulados de afrouxamento em três movimentos.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,52%, a 109,270.
Na cena doméstica, o mercado segue receoso em relação ao cenário fiscal brasileiro, com dúvidas sobre o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, o que foi o principal fator para o dólar ultrapassar e se manter acima do nível de 6 reais no fim do ano passado.
Na frente de dados, o IBGE relatou que a produção industrial brasileira registrou queda de 0,6% em novembro na comparação com o mês anterior.
O destaque da semana no Brasil será a divulgação do IPCA de dezembro na sexta-feira, à medida que os agentes financeiros seguem preocupados com a trajetória da inflação no país.