Novamente sem BC, dólar cai 0,76% e vai abaixo de R$ 3,50
O dólar fechou em queda de quase 1% e foi abaixo de R$ 3,50 nesta quinta-feira, em linha com o mercado externo e após o Banco Central brasileiro mais uma vez não atuar no mercado cambial. Os investidores também continuaram de olho na cena política do país, diante do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado.
O dólar recuou 0,76%, a R$ 3,4976 na venda, voltando abaixo de R$ 3,50 pela primeira vez em duas semanas. O dólar futuro recuava cerca de 0,90% no final desta tarde.
"Acredito que o BC vai anunciar ainda hoje um leilão (de swap cambial reverso) para amanhã (depois de a barreira de R$ 3,50 ter sido quebrada)", disse o operador de câmbio da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik, acrescentando que, se isso não acontecer, o dólar pode voltar a cair, com o mercado testando um novo piso.
A autoridade monetária ficou de fora do mercado de câmbio pela quarta sessão seguida. Já havia reduzido o ritmo de intervenção desde a semana passada, depois de entrar intensamente por meio de leilões de swaps cambiais reversos, equivalentes a compra futura de dólares.
Naquele momento, o cenário político era intenso, antes da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, com o dólar indo abaixo de R$ 3,50 e levando o BC a atuar para evitar quedas mais bruscas.
A cena externa também ajudou a empurrar o dólar para baixo nesta sessão. Na véspera, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, manteve a taxa de juros e mostrou cautela sobre possível elevação.
A leitura de que o Fed não tem pressa em elevar os juros favorece mercados emergentes, como o Brasil. Neste contexto, o dólar caía frente a moedas de países como México e a uma cesta de moedas.
Ainda no exterior, o banco central do Japão decidiu não expandir o estímulo monetário e manteve a taxa de juros em -0,1 %
, movimento que levou à forte queda do dólar frente ao iene.
"Como ficou mais parada a questão de imepachment (contra a presidente), voltam a prevalecer as notícias externas", disse o operador de câmbio da Intercam Corretora Glauber Romano.
Os investidores aguardavam ainda desdobramentos políticos no Brasil, à espera de mais nomes da equipe econômica que deve formar o eventual governo de Michel Temer, caso o impeachment da presidente Dilma seja confirmado. Temer já afirmou que o ex-presidente do BC Henrique Meirelles deve ser o ministro da Fazenda.
"O mercado já tem em mente que o processo de impeachment vai avançar, mas vai ficar aguardando novidades", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.