Dólar cai 1,85% e volta a R$ 2,82 com números fracos dos EUA
A moeda americana encerrou a sessão a R$ 2,8209 na venda, após alcançar R$ 2,8164 na mínima do dia
O dólar fechou em queda de mais de 1,5% ante o real nesta quinta-feira, dando um respiro após a escalada das últimas sessões às máximas em dez anos, diante de números fracos sobre os gastos do consumidor nos Estados Unidos, novos estímulos econômicos na Suécia e um acordo de cessar-fogo na Ucrânia.
A moeda americana caiu 1,85%, a R$ 2,8209 na venda, após alcançar R$ 2,8164 na mínima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 2,8 bilhões).
Mas investidores ainda adotaram uma postura de cautela, tentando avaliar se a divisa encontrará forças para retomar o avanço nas próximas sessões.
"Ninguém consegue cravar se isso é um respiro antes de mais altas ou uma acomodação", disse o analista da WinTrade, Bruno Gonçalves. "O dólar tem esta característica: quando ele rasga, vai de uma vez".
Neste ano até a véspera, o dólar acumulou alta de mais de 8% ante o real, atingindo as maiores cotações desde o fim de 2004. O câmbio foi pressionado não só por fatores internacionais, como os temores sobre a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, mas também pelo medo de um rebaixamento da classificação de risco do Brasil devido à deterioração dos fundamentos macroeconômicos do país.
No cenário internacional, investidores voltavam suas atenções nesta sessão para a Suécia, cujo banco central anunciou corte de juros para o território negativo e novo programa de compra de títulos. Também contribuía para o ambiente de menor aversão ao risco o acordo de cessar-fogo firmado nesta manhã para dar fim aos combates no leste da Ucrânia.
"Era de se esperar que depois de tanta notícia ruim, tivéssemos pelo menos um dia de alívio", afirmou Glauber Romano, operador de câmbio da corretora Intercam.
EUA ajuda na queda do dólar
No fim da manhã, o alívio no câmbio ganhou mais um amparo após números indicarem fraqueza nos gastos do consumidor e aumento dos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos. Investidores têm se mantido atentos aos indicadores econômicos norte-americanos em busca de pistas sobre quando os juros começarão a subir na maior economia do mundo.
Além disso, as preocupações com o futuro da Grécia na zona do euro perderam um pouco de força após notícias de que o Banco Central Europeu (BCE) elevou ainda mais o limite para financiamento de emergência a bancos gregos. Mas as discussões entre ministros das Finanças do bloco monetário não resultaram em um acordo e devem ser retomadas na segunda-feira.
"Globalmente, o dia está mais tranquilo, mas quem sabe o quanto isso vai durar?", disse o operador de uma corretora internacional.
Venda de dólares do BC
Agentes financeiros continuaram atentos ainda à política de intervenções no câmbio do Banco Central brasileiro, que voltou aos holofotes com a pressão recente sobre o dólar. A dúvida é se os impactos da volatilidade cambial sobre a inflação e outros fundamentos econômicos poderiam levar o BC a estender o programa de intervenções diárias para além de março.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais pelas rações diárias, com volume correspondente a US$ 97,7 milhões. Foram vendidos 900 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.100 contratos para 1º de fevereiro de 2016.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 54% do lote total.