Dólar cai 2,05% com especulação sobre novos ministros
Moeda norte-americana teve maior queda desde 30 de outubro, recuando para R$ 2,52 na venda
O dólar fechou em queda de mais de 2% e voltou a R$ 2,52 nesta sexta-feira, repercutindo positivamente o noticiário sobre a próxima equipe econômica, que gerou nos investidores a percepção de que a presidente Dilma Rousseff estaria mais aberta a mudanças em sua política econômica.
Ajudou também o corte inesperado da taxa básica de juros na China, que pode levar à migração de capitais atualmente aplicados no gigante asiático para outros mercados emergentes, como o Brasil.
A moeda norte-americana recuou 2,05%, a R$ 2,5216 na venda, maior queda diária desde 30 de outubro, um dia após o Banco Central surpreender os mercados e elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, a 11,25%. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 840 milhões.
Na semana, o dólar acumulou queda de 3,04%, mas no mês ainda acumula alta de 1,73%.
"Ela (a presidente Dilma) percebeu que vai ter que chamar alguém para botar ordem na casa", disse o superintendente de derivativos da CGD, Jayro Rezende, ressaltando que o mercado vai buscar sinais de que essa postura será adotada de forma duradoura, e não apenas como uma solução de curto prazo.
Na reta final do pregão, notícia veiculada pela Folha de S.Paulo de que o atual diretor-superintendente do Bradesco Asset Mangement e ex-secretário do Tesouro, Joaquim Levy, será nomeado para o Ministério da Fazenda e o ex-secretário-executivo da Fazenda Nelson Barbosa deve assumir o Ministério do Planejamento levou o dólar a ampliar as quedas.
O atual presidente do BC, Alexandre Tombini, deve continuar no comando da autoridade monetária, afirmou uma fonte do governo à Reuters.
O Planalto informou, contudo, que o anúncio dos novos ministros não deve ocorrer nesta sexta-feira.
A trinca agradou o mercado, que também interpretou positivamente notícias de que Dilma teria oferecido o posto de ministro da Fazenda ao presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, que teria recusado o convite.
Mesmo assim, o mercado entendeu que, ao buscar um profissional com perfil mais pró-mercado, a presidente já teria se convencido de que mudanças na atual política econômica são necessárias.
A queda do dólar no mercado doméstico também foi influenciada pelo movimento da divisa em outros mercados, após a China cortar sua taxa básica de juros pela primeira vez em mais de dois anos. Segundo analistas, a decisão aumenta a atratividade de ativos de países como o Brasil.
"O cenário doméstico e o internacional estão favoráveis hoje, abrindo espaço para um alívio relevante", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.
A divisa dos EUA recuava contra moedas como os pesos chileno e mexicano.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 2,2 mil contratos para 1º de junho e 1,8 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,4 milhões.
O BC também vendeu nesta sessão a oferta integral de até 14 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 1º de dezembro, equivalentes a US$ 9,831 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 68% do lote total.