Dólar cai pela quarta sessão ante o real e encerra semana abaixo de 5 reais
Após o recuo de quase 3% do dólar nas últimas três sessões, os investidores ensaiaram um movimento de recomposição de posições compradas nesta sexta-feira, o que colocou a moeda norte-americana em alta firme pela manhã, mas não o suficiente para evitar a virada à tarde e um fechamento em baixa pelo quarto dia seguido.
Além do movimento técnico visto mais cedo, o avanço do dólar no exterior trazia um viés de alta para a moeda norte-americana no Brasil, que não se sustentou durante a tarde.
Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que os juros elevados no Brasil e o otimismo em relação ao novo arcabouço fiscal seguem limitando a alta da moeda norte-americana.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9162 reais na venda, em baixa de 0,23%. Este é o menor valor de fechamento para a moeda norte-americana desde 8 de junho de 2022, quando foi cotada a 4,8906 reais. Na semana, a moeda norte-americana acumulou baixa de 2,81%.
Na B3, às 17:17 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,26%, a 4,9260 reais.
Pela manhã, o dólar marcou a cotação mínima da sessão, de 4,8929 reais (-0,70%), às 9h31 (horário de Brasília), mas rapidamente saltou para o território positivo em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana também subia, e com investidores realizando lucros e recompondo algumas posições compradas (no sentido de alta do dólar).
"Vimos de manhã um movimento de realização técnica. O dólar caiu quase 3% nas últimas três sessões, o que chama uma realização", pontuou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
Na máxima da sessão, vista às 11h09, a moeda marcou 4,9660 reais (+0,78%).
Ao longo da tarde, o dólar se reaproximou da estabilidade ante o real, a despeito de no exterior continuar em alta ante a maioria das demais divisas.
Segundo Bergallo, o fato de o diferencial de juros entre Brasil e EUA seguir favorável para a atração de investimentos tem impedido uma alta mais intensa da moeda norte-americana.
"Isso está limitado pelo nosso colchão de juros. Enquanto a Selic estiver em 13,75% ao ano, não tem como o dólar subir tanto", avaliou. "E também não temos estresse na área fiscal ou ruídos vindos do governo", completou.
Além de atrair investimentos em portfólio, o Brasil tem recebido dólares pela via comercial, lembrou o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel.
"O real é uma das poucas moedas que está ganhando alguma força, e muito por conta de nossas exportações de commodities agrícolas", afirmou.
As notícias mais recentes permitiram que o dólar se firmasse abaixo dos 5 reais nesta semana, mas Luiz Felipe Bazzo, presidente do Transferbank, plataforma de transferências internacionais, lembra que alguns riscos permanecem.
"Mesmo com as últimas boas notícias, ainda tem muito risco no ar: o arcabouço ainda nem foi apresentado ao Congresso, não sabemos o que tem exatamente dentro da regra, as taxas de juros nos EUA ainda não começaram a cair e ainda não há dados concretos sobre a economia da China. Em poucas palavras, ainda tem muita água para rolar", afirmou em análise enviada à Reuters.
No exterior, o dólar seguia em alta neste fim de tarde.
Às 17:17 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,58%, a 101,560.
Pela manhã, o Banco Central vendeu 14.000 dos 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de junho.
(Fabrício de Castro)