Dólar em alta: saiba quais setores ganham e perdem com moeda acima de R$ 6
Disparada da moeda norte-americana beneficia as exportações, mas eleva os custos das importações
O dólar renovou a cotação máxima histórica na segunda-feira, 9, ao fechar cotado a R$ 6,08. A disparada da moeda-norte americana, impulsionada pela percepção de risco fiscal e por incertezas econômicas, afeta diversos setores da economia brasileira. Para a maior parte da população, o dólar alto é sentido no aumento do custo de vida, com uma perda ainda maior do poder de compra. No entanto, o impacto pode ser positivo e negativo para alguns setores.
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Especialistas ouvidos pelo Terra explicam que os setores que mais ganham com a desvalorização do real (valorização do dólar) são aqueles ligados a exportações, já que seus produtos ganham competitividade no mercado global. Por outro lado, as empresas que dependem de matérias-primas importadas e que vendem seus produtos atrelados a custos denominados em dólares são afetadas de maneira negativa.
“Os setores positivamente impactados por um dólar mais forte são agricultura, mineração, papel e a celulosa, uma vez que essas indústrias geram receitas em dólares através das exportações. Por sua vez, setores como o de automóvel e o farmacêutico são afetados negativamente. Isso ocorre porque muitos dos produtos vendidos localmente no Brasil estão atrelados a custos denominados em dólares, o que os torna mais caros”, explica João Gentina, especialista em investimentos no exterior da WIT Invest.
Christiano Arrigoni, professor de economia do Ibmec-RJ, diz que os principais setores exportadores que podem se beneficiar do câmbio a R$ 6 seriam os setores de commodities: extrativo, como petróleo bruto, aço e ferro; e agropecuário, como carne e café. O economista frisa, no entanto, que o ganho final desses setores vai depender de quanto eles próprios dependem de insumos importados para a sua produção.
“Caso eles dependam desses insumos importados, o seu encarecimento em R$ gerado pelo câmbio desvalorizado tende a anular parte do aumento no lucro”, afirma Arrigoni. Ou seja, as empresas que exportam que dependem de matérias-primas importadas enfrentam uma pressão financeira com a alta do dólar, o que pode levar a preços mais elevados ao consumidor e a margens de lucro reduzidas.
É o que ocorre no agro. Segundo Felipe Jordy, coordenador de inteligência e estratégia da Biond Agro, o dólar alto de um lado beneficia as exportações, pois os produtores recebem em moeda estrangeira e lucram com a conversão. Por outro lado, eleva os custos de produção, já que muitos insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, são importados e cotados em dólar.
Encarecimento dos produtos
Idean Alves, especialista em mercado de capitais, afirma que itens que são oriundos de importação como eletroeletrônicos, eletrodomésticos, automóveis entre outros tendem a chegar a um custo mais alto na prateleira para o consumidor final, o que reduz o poder de compra da população, justo em um período de maior consumo por conta das festas de fim de ano e do recebimento do 13° salário.
O aumento do preço para o consumidor não ocorre apenas com os s bens nacionais que dependem de insumos importados. Até mesmo os produtos que o país exporta tendem a ficar mais caros no mercado nacional. “Como o ganho em R$ de vender para o exterior aumenta porque o dólar ficou mais caro, os exportadores tendem a repassar esse aumento para os preços nacionais para equalizar os seus ganhos nos dois mercados”, explica Arrigoni.