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Dólar encerra 2014 com alta de 13%, apesar de atuação do BC

Pressão deve continuar em 2015, segundo relatório Focus

30 dez 2014 - 18h39
(atualizado às 18h43)
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Apesar da forte e constante atuação do Banco Central, o dólar fechou 2014 em alta de quase 13 por cento ante o real e deve continuar subindo no ano que vem, com a expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos e redução gradual da presença da autoridade monetária brasileira no mercado cambial.

Foi o quarto ano seguido de valorização da moeda norte-americana, que acumulou alta de 60 por cento ante o real no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

Nesta terça-feira, último pregão regular do ano, contudo, o dólar recuou 1,79 por cento, a 2,6587 reais na venda, em meio a ajustes após a escalada recente e ao baixo volume de negócios.

Em dezembro, a moeda norte-americana avançou 3,39 por cento, no quarto mês seguido de alta, e no trimestre acumulou alta de 8,61 por cento. No ano, o avanço foi de 12,78 por cento.

A expectativa do mercado é que o dólar mantenha a trajetória de alta em 2015, mesmo com a divisa oscilando perto das máximas em quase dez anos.

O relatório Focus do BC mostrou na segunda-feira que economistas de instituições financeiras passaram a projetar o dólar a 2,80 reais no fim de 2015.

“Esperamos uma valorização global do dólar, com a perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos. É quase impossível imaginar um cenário em que o real fique imune a isso”, afirmou a estrategista para mercados emergentes do banco Jefferies em Nova York, Siobhan Morden.

Os últimos indicadores econômicos dos EUA têm reforçado a percepção de que a recuperação norte-americana segue forte, apesar do fraco crescimento de outras economias importantes, pavimentando o caminho para uma alta dos juros que pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil.

No quadro interno, a expectativa é que o BC reduza gradualmente sua atuação no mercado de câmbio, embora deva continuar atuando diariamente no primeiro semestre de 2015.

O BC tem intervindo diariamente no câmbio desde agosto de 2013, justamente quando o Federal Reserve, banco central norte-americano, começou a sinalizar que pretendia reduzir seu programa de estímulos monetários. Na época, a oferta diária era de 10 mil contratos de swaps cambiais e o programa incluía também leilões semanais de venda de dólares com compromisso de recompra, os chamados leilões de linha.

Em 2014, o BC reduziu sua presença no mercado, eliminando os leilões de linha e passando a ofertar diariamente 4 mil swaps. Entre os agentes financeiros, a expectativa é que, agora, o BC reduza as ofertas diárias de swap e calibre as rolagens de swaps para garantir que o estoque desses contratatos não cresça muito, preparando o terreno para mais uma redução nas atuações diárias.

O presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, já afirmou que o BC continuará ofertando o equivalente a entre 50 milhões e 200 milhões de dólares em swaps cambiais por dia, mas não precisou ainda qual será o montante. Ele também tem afirmado que o atual estoque de swaps, que corresponde a pouco mais de 100 bilhões de dólares, já dá conta da demanda por proteção cambial.

“É natural que o dólar seja um pouco pressionado com o BC diminuindo as ofertas de swap, mas ele já indicou que vai fazer isso de forma bastante gradual”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC, Francisco Carvalho.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, com volume correspondente a 195,1 milhões de dólares. Foram vendidos 550 contratos para 1º de setembro e 3,45 mil contratos para 1º de dezembro de 2015.

Na véspera, a autoridade monetária também concluiu a rolagem dos swaps que vencem em janeiro, rolando praticamente todo o lote equivalente a 9,827 bilhões de dólares. Nos últimos quatro meses, o BC tem feito rolagens praticamente integrais.

O plano do BC de reduzir as intervenções deve ser auxiliado pela melhora da credibilidade fiscal do governo. O ministro indicado para a Fazenda, Joaquim Levy, já disse que perseguirá em 2015 uma meta de superávit primário equivalente a 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e, nos anos seguintes, buscará a redução da dívida bruta.

Essas promessas têm agradado os agentes financeiros, que criticam a condução atual da política fiscal por ser excessivamente expansionista e pouco transparente. Mas operadores ainda querem ver garantias de que esse objetivo será cumprido, uma vez que a avaliação é que o caminho não será fácil.

Na segunda-feira, o governo anunciou um pacote de ajustes nas regras de acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários que deve gerar economia anual de 18 bilhões de reais.

“O dólar vai subir, sem dúvida, mas um ajuste fiscal crível pode amortecer a pressão”, disse o operador de câmbio da corretora B&T, Marcos Trabbold.

Nesta sessão, o dólar chegou a cair quase 2,5 por cento, a 2,6406 reais, em um movimento amplificado pela briga antes da formação da Ptax de dezembro. A Ptax, que serve de referência para diversos contratos cambiais, fechou a 2,6556 reais para compra e 2,6562 reais para venda.

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