Dólar fecha a R$ 2,87 após superar R$ 2,90 pela manhã
"Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho", disse Glauber Romano, operador de câmbio
Após superar R$ 2,90 pela primeira vez em mais de dez anos na manhã desta segunda-feira (23), o dólar fechou estável, com a ação de exportadores e operações de realização de lucros depois dos ganhos recentes limitando a alta.
A moeda dos Estados Unidos terminou com variação positiva de 0,01%, a R$ 2,8792 na venda. Na máxima da sessão, a divisa chegou a R$ 2,9046. Na mínima, foi negociada a R$ 2,8715. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 859 milhões (aproximadamente R$ 2,4 bilhões).
"Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho", disse Glauber Romano, operador de câmbio da corretora Intercam.
Reformas em Atenas
Os mercados financeiros globais têm sido pressionados por preocupações com a possibilidade de os desentendimentos entre a Grécia e seus parceiros europeus levarem à saída de Atenas da zona do euro, em mais um golpe à frágil recuperação econômica global.
Na sexta-feira (20), ministros das Finanças do bloco monetário chegaram a um acordo para estender o programa de resgate à Grécia por quatro meses, mas o país ainda precisa apresentar uma lista de reformas que deve ser aprovada por seus credores para ratificar o compromisso.
O país entregaria a lista nesta segunda-feira, mas uma autoridade do governo disse que o documento será entregue na terça-feira (24) e que o Eurogrupo havia concordado com a mudança.
"A Grécia precisa correr para assegurar o acordo. Até lá, o clima vai continuar pesado", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Fed traz o alívio
Por fim, as atenções voltavam-se ainda para a política monetária americana. Na semana passada, a ata da última reunião do Federal Reserve chegou a trazer alívio ao câmbio, sugerindo que o banco central dos EUA poderia não dar início ao aperto monetário em junho, mas parte do mercado interpretou que o documento estava defasado por não refletir os mais recentes indicadores econômicos.
"O mercado quer acreditar que o Fed vai subir logo os juros, mas a comunicação deles está errática", disse o operador de uma corretora internacional.
Na terça-feira, a chair do Fed, Janet Yellen, falará a um comitê do Senado, em um pronunciamento que pode trazer mais clareza sobre as perspectivas para o aumento de juros na maior economia do mundo, que poderia atrair para fora do Brasil recursos externos.
Economia brasileira preocupa
Investidores também seguiam mostrando preocupação com a deterioração da economia do Brasil e, por isso, diminuindo o ritmo de compras de ativos denominados em real. Economistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus reduziram novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, projetando contração de 0,50% ante 0,42% na semana anterior.
Nesta manhã, o BC brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 97,8 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 79% do lote total.