Dólar fecha abaixo de R$2,70 por Petrobras e cenário externo
Rumores que indicam possível saída de Graça Foster do comando da Petrobras teriam motivado desvalorização da moeda frente ao real
O dólar fechou em queda nesta terça-feira e voltou abaixo de R$ 2,70, reagindo a notícias de que a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, poderia deixar o cargo e com o bom humor no exterior, após subir nas quatro sessões anteriores e fechar a véspera no maior patamar em mais de um mês.
O dólar recuou 0,78% a R$ 2,6940 na venda, chegando a bater R$ 2,6885 na mínima do dia. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 451 milhões.
"Com fatores internos e externos mais favoráveis, o real arranjou força para buscar de novo o (patamar de) R$ 2,70", disse o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o Palácio do Planalto substituirá a presidente da Petrobras porque considera sua posição "insustentável". Operadores afirmaram que a notícia aumentou a demanda de investidores estrangeiros pela ação da petroleira, com o papel ampliando a alta, mesmo após o governo negar a informação.
Além disso, a queda do dólar sobre moedas como o euro e os pesos chileno e mexicano contribuiu para o alívio aqui. O movimento refletia a maior demanda por ativos de risco em consequência de esperanças de acordo que resolva o impasse em torno da dívida da Grécia, além da forte alta dos preços do petróleo.
"Os mercados em todo o mundo estão animados. O efeito sobre o fluxo de estrangeiros para cá é visível", disse o gerente de câmbio do Banco Confidence, Felipe Pellegrini.
Apenas nas duas sessões anteriores, o dólar transformou a queda de 1,75% que havia acumulado neste ano em alta de mais de 2%. O movimento veio após o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmar que não há intenção de manter o câmbio sobrevalorizado, o que alimentou especulações de que o Banco Central poderia reduzir sua presença no mercado em breve.
Uma fonte da equipe econômica afirmou à Reuters nesta terça-feira que o BC não tem intenção de mudar o rumo de suas atuações no câmbio, pelo menos por enquanto, e mantém em aberto a possibilidade de estender suas intervenções diárias no mercado para além de março.
Na sessão passada, muitos investidores desmontaram apostas na queda do dólar que haviam feito nas primeiras semanas do ano. Agora, com muitas dúvidas sobre quanto ou em que direção a divisa norte-americana caminhará no curto prazo, esses agentes preferiram evitar fazer novas apostas.
"Depois da volatilidade grande dos últimos dias, o máximo que dá para arriscar agora é uma operação de curtíssimo prazo", disse a operadora de um importante banco internacional, que vê espaço para alguma queda do dólar, mas não espera que a divisa retorne abaixo de R$ 2,60.
O BC vem atuando diariamente desde agosto de 2013 para limitar a volatilidade e oferecer proteção cambial. Sob a atual forma do programa de intervenções, as ofertas diárias de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, durarão pelo menos até 31 de março.
Nesta manhã, a autoridade monetária vendeu a oferta total pelas rações diárias, com volume correspondente a US$ 97,9 milhões. Foram vendidos 200 contratos para 1º de dezembro e 1.800 para 1º de fevereiro de 2016.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 12 por cento do lote total.