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Dólar fecha em alta com avanço de Dilma nas pesquisas

Trata-se do fechamento mais alto desde 12 de dezembro de 2008, ápice da crise financeira global, quando ficou em R$ 2,47

29 set 2014 - 18h41
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Um brasileiro troca dólares por reais em corretora de câmbio no Rio de Janeiro. 04/08/2003
Um brasileiro troca dólares por reais em corretora de câmbio no Rio de Janeiro. 04/08/2003
Foto: Bruno Domingos REUTERS / Reuters

O dólar fechou a segunda-feira no maior nível desde o fim de 2008 após as últimas pesquisas eleitorais mostrarem avanço nas intenções de voto para a presidente Dilma Rousseff (PT), cuja política econômica é duramente criticada por investidores.

O dólar subiu 1,64%, a R$ 2,45 na venda. Trata-se do fechamento mais alto desde 12 de dezembro de 2008, ápice da crise financeira global, quando ficou em R$ 2,47.

O moeda norte-americana alcançou R$ 2,47 reais na máxima da sessão, mas perdeu um pouco do ímpeto depois que exportadores aproveitaram as cotações altas para vender dólares. Além disso, alguns especulavam que o Banco Central poderia aumentar a intervenção no câmbio para evitar pressões inflacionárias.

Segundo dados da BM&F, o giro desta sessão foi de cerca de US$ 2 bilhões.

"O mercado entrou com todas as fichas numa vitória da oposição e pagou para ver. O que a gente está vendo hoje é a reversão desse movimento", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

Segundo levantamento do Datafolha divulgado após o fechamento dos mercados na sexta-feira, Dilma praticamente dobrou sua vantagem contra Marina Silva (PSB) nas intenções de voto para o primeiro turno e passou a ter vantagem numérica sobre a ex-senadora em simulação de segundo turno.

Quase no final do pregão, pesquisa CNT/MDA também confirmou o avanço da presidente, dando mais um impulso ao dólar.

"Se isso se confirmar (avanço de Dilma) nas próximas pesquisas, o céu é o limite para o dólar", afirmou o gerente de câmbio da corretora Fair, Mário Battistel, para quem a moeda norte-americana pode ir acima de R$ 2,50 no curto prazo.

O movimento desta sessão foi turbinado pela decepção do mercado após não se confirmarem boatos de que uma revista semanal publicaria reportagem sobre novo escândalo desfavorável à reeleição de Dilma. Na sexta-feira, essa especulação levou a moeda norte-americana a fechar em queda ante o real, descolada do exterior.

O cenário externo também impulsionou o dólar. Investidores evitaram comprar ativos de maior risco por cautela antes da divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos na sexta-feira, levando a divisa norte-americana a subir contra moedas emergentes, como as do Chile e do México.

Os números podem reforçar as expectativas de que a alta dos juros norte-americanos ocorra de forma mais intensa do que a esperada, atraindo recursos aplicados em outros países.

Banco Central

A forte pressão cambial levou alguns investidores a cogitar a possibilidade de o BC brasileiro intervir com mais força no mercado para limitar o impacto inflacionário da alta do dólar.

"Nesses níveis, o mercado opera com especulações de que o BC pode aumentar a intervenção, o que impõe alguma cautela. Mas é claro que isso não é o suficiente para trazer o dólar de volta para os níveis de dois meses atrás (entre R$ 2,20 e R$ 2,25)", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Battistel, da Fair, acredita que o BC pode atuar com mais força no mercado para evitar essas arrancadas, ampliando os leilões de swaps, entrando com leilões de linha ou até mesmo com venda de dólares à vista.

Alguns analistas, contudo, apostam que o BC não fará intervenções adicionais, atuando apenas por meio dos leilões diários e das rolagens de swaps, uma vez que o movimento do real está, em certa medida, alinhado com o de outras moedas emergentes. Toda a região tem sofrido com temores de que os juros dos Estados Unidos subam de forma mais intensa do que a esperada.

Tanto o real quanto o peso mexicano e o sol peruviano se desvalorizaram de 3% a 4% desde o início do ano. Outras divisas tiveram desempenho bem pior: o peso chileno, por exemplo, perdeu mais de 12% de seu valor no mesmo período.

"Não é uma questão de liquidez que está prejudicando o mercado, é uma questão de expectativas", afirmou o operador de um importante banco nacional. "Com falta de liquidez, o BC consegue brigar. Com expectativas deterioradas, não vale a pena comprar briga."

Até agora, a autoridade monetária deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, colocando nesta sessão a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem à venda futura de dólares.

Foram vendidos 1,7 mil contratos para 1º de junho e 2,3 mil para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a US$ 197,5 milhões.

O BC também vendeu a oferta total de até 15 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em outubro e, com isso, rolou praticamente todo o lote, que corresponde a US$ 6,6 bilhões.

O próximo lote de swaps vence em 3 de novembro e equivale a US$ 8,84 bilhões de dólares. O mercado espera amplamente que esses contratos sejam rolados integralmente.

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