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Dólar fecha na máxima em mais de dez anos e vai a R$2,77

"A impressão é que o BC vai ter uma composição menos rígida, mais tolerante", disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da corretora Treviso

6 fev 2015 - 17h57
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<p>O dólar subiu mais de 1% ante o real e fechou na máxima em mais de dez anos nesta sexta-feira (6)</p>
O dólar subiu mais de 1% ante o real e fechou na máxima em mais de dez anos nesta sexta-feira (6)
Foto: Marcelo Del Pozo / Reuters

O dólar subiu mais de 1% ante o real e fechou na máxima em mais de dez anos nesta sexta-feira (6), após números fortes sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos reforçarem as apostas de que os juros começarão a subir em meados do ano na maior economia do mundo.

A moeda americana avançou 1,34%, a R$ 2,7782 na venda, após atingir R$ 2,7852 na máxima da sessão. A cotação de fechamento é a maior desde 9 de dezembro de 2004 (R$ 2,781). Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 900 milhões (aproximadamente R$ 2,4 bilhões).

A criação de empregos nos EUA acelerou de forma sólida e superou as expectativas do mercado no mês passado, enquanto a renda média mostrou forte recuperação.

O resultado jogou um balde de água fria sobre as apostas de que o Federal Reserve, banco central americano, poderia elevar os juros mais tarde do que o esperado.

"O mercado vinha trabalhando com alguma possibilidade de o Fed postergar o início do aperto monetário para a segunda metade do ano. Hoje veio um dado extremamente bom, então o mercado está caminhando na direção contrária", disse Flavio Serrano, economista sênior do Espírito Santo Investment Bank.

Apreensão no Brasil

O avanço também foi impulsionado pela apreensão dos investidores com o futuro da Petrobras e com as mudanças na diretoria do Banco Central brasileiro. Na avaliação de alguns analistas, a nova diretoria do BC sinaliza uma política monetária menos austera no futuro.

Juros mais altos tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro. Esse movimento pode se intensificar se a nova composição do BC brasileiro realmente se traduzir em menos altas da Selic, como alguns investidores temem.

O BC anunciou na véspera que Luiz Awazu substituirá Carlos Hamilton Araújo, de perfil mais austero, na diretoria de Política Econômica, que naturalmente tem forte influência sobre a condução da política monetária. Awazu acumulava as diretorias de Assuntos Internacionais e de Regulação.

"A impressão é que o BC vai ter uma composição menos rígida, mais tolerante", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

O BC também indicou Tony Volpon, atualmente no banco Nomura, para a diretoria de Assuntos Internacionais. O nome não convenceu os mercados financeiros, que entendem que as últimas projeções sobre a inflação publicadas por ele são "otimistas demais".

Sem 'choque de gestão' na Petrobras

A pressão sobre o câmbio foi corroborada pela indicação de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras, envolvida em esquema bilionário de corrupção. A indicação do executivo, que atualmente preside o Banco do Brasil, aumentou ainda mais a desconfiança dos investidores sobre o rumo que será dado à estatal.

"Não vejo um choque de gestão com essa nomeação", disse o estrategista de uma corretora nacional.

Nesta manhã, o BC deu continuidade às atuações diárias e vendeu a oferta total de até 2 mil swaps, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1 mil contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.

O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 30% do lote total.

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