Dólar oscila pouco com mercado de olho em posse de Trump e leilões do BC
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista oscilava pouco ante o real nesta segunda-feira, com os mercados globais à espera da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, enquanto os investidores nacionais aguardam a realização de dois leilões de linha pelo Banco Central durante a manhã.
Às 9h22, o dólar à vista subia 0,16%, a 6,0749 reais na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,25%, a 6,072 reais na venda.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,16%, a 6,0650 reais. Na semana, porém, a moeda acumulou baixa de 0,62%.
As atenções se voltam nesta segunda para o início do novo governo Trump nos EUA, com ampla expectativa entre investidores para o discurso a ser proferido pelo presidente eleito na posse e a assinatura de uma série de decretos que buscarão estabelecer a marca da nova gestão já no primeiro dia do mandato.
Duas fontes familiarizadas com o assunto indicaram que Trump deve assinar nesta segunda mais de 100 decretos sobre uma diversidade de temas, que vão desde controle rígido à imigração até a abertura de novas fronteiras para a exploração de petróleo e, possivelmente, a imposição de tarifas de importação.
Analistas apontam que as promessas econômicas de Trump têm potencial inflacionário, o que forçaria o Federal Reserve a manter a taxa de juros em um patamar elevado, favorecendo o dólar e os rendimentos dos Treasuries.
"Investidores aguardam pela posse de Donald Trump para ver se realmente algo vai ser anunciado, se alguma medida executiva vai ser tomada e quais poderão ser os impactos sobre a economia global", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado.
Operadores já têm reduzido as apostas de cortes na taxa de juros pelo Fed na esteira de dados recentes que apontaram que o mercado de trabalho dos EUA continua resiliente, com a taxa de desemprego caindo no mês passado.
A repercussão mais ampla dos anúncios de Trump, no entanto, só deve ser conhecida na terça-feira, uma que vez os mercados dos EUA estão fechados devido ao feriado do Dia de Martin Luther King Jr.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,26%, a 109,040.
Na cena doméstica, agentes financeiros aguardam dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) a serem realizados pelo BC durante a manhã, no que será a primeira intervenção cambial desde o início do mandato do novo presidente da autarquia, Gabriel Galípolo.
O BC informou na sexta-feira que fará dois leilões de linha com oferta total de 2 bilhões de dólares.
O leilão de linha A será realizado das 10h20 às 10h25, com oferta de 1 bilhão de dólares e data de recompra em 4 de novembro de 2025. Já o leilão de linha B será realizado das 10h40 às 10h45, com oferta de 1 bilhão de dólares e data de recompra em 2 de dezembro de 2025.
Em dezembro, o BC vendeu um total de 32,6 bilhões de dólares ao mercado em leilões extras, para dar conta da demanda de fim de ano pela moeda norte-americana, considerando operações de linha e operações de venda de moeda sem compromisso de recompra.
O dólar disparou no fim do ano passado com o acirramento dos receios do mercado com o cenário fiscal brasileiro, após o governo anunciar no fim de novembro um projeto de reforma do Imposto de Renda que ofuscou a apresentação de medidas de contenção de gastos.
(Edição de Camila Moreira)