Dólar recua 0,51% com mercado de olho em equipe econômica
O mercado está de bom humor, mas tem muita coisa para se definir ainda, disse Glauber Romano da corretora Intercam
O dólar fechou em queda ante o real nesta segunda-feira, após o Banco Central anunciar nova rolagem de swaps e indicar que vai rolar o lote integral, mas com os investidores ainda em dúvida sobre o futuro do programa de intervenções diárias no câmbio no próximo ano.
A moeda americana recuou 0,51%, a R$ 2,5586 na venda, após atingir R$ 2,5443 na mínima do dia e R$ 2,5815 na máxima. No mês passado, a divisa acumulou alta de 3,75%. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,3 bilhão (na conversão atual R$ 3,18 bilhões).
O mercado também continua de olho na nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, à procura de pistas sobre que medidas serão anunciadas para resgatar a confiança dos agentes econômicos.
"O mercado está de bom humor, mas tem muita coisa para se definir ainda: o programa do BC, a questão do fiscal, o cenário externo...", disse Glauber Romano, operador de câmbio da corretora Intercam. "Ainda tem chão", resumiu.
Tombini e a venda de dólares
Recentes declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, de que o atual volume de swaps atende à demanda, foram interpretadas como um sinal de que os leilões diários de novos contratos poderiam ser reduzidos ou eliminados no ano que vem.
Após o fechamento dos negócios na sexta-feira, o BC sinalizou que deve rolar integralmente o lote de swaps, que equivalem a venda futura de dólares, a vencer em janeiro, como fez nos últimos três meses. Nesta sessão, a autoridade monetária vendeu a oferta total de até 10 mil contratos, ou cerca de 5% do lote total equivalente a US$ 9,827 bilhões.
Mais cedo, BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, com volume correspondente a US$ 198,1 milhões. Foram vendidos 3 mil contratos para 1º de junho e 1 mil para 1º de setembro de 2015.
"Daqui para frente, o mercado vai ficar atento ao comportamento dessa próxima equipe (econômica), quais decisões vão ser tomadas", disse o operador de câmbio da corretora Walpires, José Carlos Amado, acrescentando que as ações do BC no câmbio também estão no radar.
De olho na 'trinca econômica'
As atenções também continuam voltadas para a nova equipe econômica, com investidores aguardando ações concretas sobre quais medidas serão adotadas para enfrentar o atual quadro de inflação alta e crescimento baixo.
Na semana passada, declarações de maior rigor fiscal das três principais figuras do novo time -Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e o próprio Tombini - foram bem recebidas pelo mercado.
"Os fundamentos continuam ruins. Tivemos uma onda de otimismo, mas conforme o tempo for passando, o mercado vai querer cada vez mais ver um caminho concreto para sair dessa situação", disse o operador de um importante banco nacional.