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Dólar recua após dados de inflação dos EUA apontarem afrouxamento maior pelo Fed

15 jan 2025 - 09h09
(atualizado às 11h03)
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Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista recuava frente ao real nesta quarta-feira, em linha com os mercados globais, à medida que investidores reagiam a dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos que mostraram que a alta do núcleo dos preços na base anual se aproximou ainda mais da meta de 2% do Federal Reserve.

Às 10h50, o dólar à vista caía 0,32%, a 6,0275 reais na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,67%, a 6,042 reais na venda.

O governo norte-americano informou que o núcleo de seu índice de inflação ao consumidor subiu 0,2% em dezembro, após registrar avanços de 0,3% nos quatro meses anteriores, o que levou a uma desaceleração na alta em 12 meses para 3,2%, de 3,3% em novembro.

Economistas consultados pela Reuters esperavam um avanço de 3,3% no núcleo da inflação em relação ao ano anterior.

Com isso, operadores passaram a apostar em um afrouxamento monetário maior a ser realizado pelo Fed neste ano, com as apostas agora indicando 37 pontos-base de reduções em 2025, de 31 pontos antes da divulgação dos dados. Ainda se espera que os juros fiquem inalterados na reunião de janeiro.

A expectativa pela possibilidade de dois cortes de juros este ano derrubava os rendimentos dos Treasuries, o que, consequentemente, provocava perdas amplas por parte do dólar nos mercados globais.

O rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 8 pontos-base, a 4,289%.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,42%, a 108,740.

Antes da divulgação dos dados, o dólar operava em alta no Brasil, rondando um ganho de 0,3%.

No início da semana, por outro lado, as apostas dos operadores sobre o ciclo de afrouxamento do Fed vinham mostrando uma expectativa cada vez menor por cortes nos juros, uma vez que os mercados digeriam dados fortes de emprego divulgados na sexta-feira.

O banco central dos EUA ainda deve demonstrar uma abordagem cautelosa nas próximas decisões, como apontado pelos próprios membros, mas a leitura de inflação desta quarta abre a porta para um afrouxamento maior à frente.

Novas declarações do presidente eleito dos EUA também podem influenciar o sentimento dos investidores, que ponderam sobre com qual agressividade e rapidez Trump pretende implementar seus planos de imposição de tarifas de importação.

Na cena doméstica, o início do ano tem sido marcado por poucas notícias e dados relevantes, após o enorme receio fiscal demonstrado no ano passado que fez o dólar disparar nas últimas sessões de 2024.

O mercado também se prepara para um esperado aperto na taxa de juros nos primeiros meses do ano, com o Banco Central tendo sinalizado que realizará dois aumentos de 1 ponto percentual na Selic, agora em 12,25% ao ano, nas duas primeiras reuniões de 2025.

Analistas apontam que as preocupações com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas devem continuar sendo o principal tema no cenário doméstico neste ano.

"O problema do Brasil é fiscal e enquanto o governo não apresentar medidas materiais que possam construir uma ponte para 2026, o mercado vai ter episódios com tom de pessimismo", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Na frente de dados desta quarta, o volume de serviços teve em novembro queda de 0,9% em relação ao mês anterior, em resultado pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,3%. Essa foi a retração mais intensa até então no ano e a mais forte para meses de novembro desde 2015.

(Edição de Camila Moreira e Eduardo Simões)

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