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Dólar recua e fecha cotado a R$ 6,04, com otimismo por tramitação do pacote fiscal e ajustes pré-Copom

Na véspera, a moeda norte-americana havia fechado em alta de 0,09%, a R$ 6,08

10 dez 2024 - 17h10
(atualizado às 18h43)
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Na B3, às 17h17, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,56%, a 6,059 reais na venda.
Na B3, às 17h17, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,56%, a 6,059 reais na venda.
Foto: Reuters

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou em baixa frente ao real nesta terça-feira, mostrando variações negativas durante quase toda a sessão, com o mercado mostrando maior otimismo com a tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso e ajustando posições devido aos patamares historicamente altos da moeda.

O dólar à vista encerrou o dia em baixa de 0,57%, cotado a 6,0478 reais. Na véspera, a moeda havia fechado em alta de 0,09%, a 6,08225 reais -- maior valor nominal de fechamento da história.

Na B3, às 17h17, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,56%, a 6,059 reais na venda.

Investidores reagiram bem ao noticiário da noite de segunda-feira, que afastou um pouco os temores de que as medidas de contenção de gastos do governo pudessem ficar travadas no Congresso até o próximo ano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pachego (PSD-MG), na segunda-feira, para resolver uma impasse sobre o repasse de emendas parlamentares.

Na madrugada desta terça Lula foi submetido a uma cirurgia e emergência para drenagem de um hematoma no crânio, mas o inistro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o fato de o presidente estar hospitalizado não impede a aprovação do pacote fiscal pelo Congresso Nacional este ano.

Lula se reuniu com os presidentes das Casas do Congresso depois que uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs condições para o pagamento das emendas, desagradou parlamentares, o que ameaçava a tramitação do pacote fiscal no Congresso.

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que também se reuniu com Pacheco na segunda-feira, um encaminhamento do presidente Lula à questão atendeu a pedidos sobre o tema.

"O mercado como um todo acha que não está concreto o que tem de político e o que tem de técnico nisso. No geral, ainda há uma falta de segurança em tomadas de decisões sobre os cortes de gastos", disse Dyego Galdino, CEO da Global 360 Invest.

"Hoje está tendo um ajuste em relação ao que houve nos últimos dias", completou.

Com isso, o dólar oscilou em baixa durante quase toda a sessão, atingindo a mínima no início das negociações, a 6,0178 reais (-1,06%) às 9h05. A máxima de 6,0829 (+0,01%) foi alcançada logo na abertura.

Na curva de juros, as taxas dos DIs devolveram os fortes ganhos da véspera, refletindo também o maior otimismo do mercado com a tramitação do pacote fiscal.

Na frente de dados, as atenções dos investidores estavam voltadas para a divulgação de novos números sobre a inflação ao consumidor no país. O IBGE informou que o IPCA registrou alta de 0,39% na base mensal em novembro, desacelerando em relação ao avanço de 0,56% em outubro.

Economistas consultados pela Reuters projetavam uma alta de 0,37% para o mês. Em 12 meses, o índice teve avanço de 4,87%, ante 4,76% em outubro.

Pelo segundo mês consecutivo, o IPCA ficou acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central -- com centro de 3% e uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Segundo analistas, o resultado, apesar de ficar praticamente dentro do esperado, enfatiza ainda mais o alerta com um cenário de descontrole inflacionário no país, que já vinha sendo mostrado com a crescente desancoragem das expectativas de inflação do mercado.

Dessa forma, a consequência deve ser uma aceleração no ritmo de aperto monetário pelo Copom, que anuncia sua última decisão de juros do ano na quarta-feira.

"O dado ficou um pouco acima do esperado de fato. A gente entende que, mesmo que continue nesse ritmo, ainda está muito acelerado em relação à meta", disse Galdino.

Operadores colocam 71% de chance de uma alta de 1 ponto percentual na Selic, atualmente em 11,25%, na quarta-feira, contra 29% de probabilidade de um aumento de 0,75 ponto.

No exterior, o cenário era de cautela, à medida que os mercados aguardam dados de inflação dos Estados Unidos na quarta-feira, que podem fornecer indícios sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,22%, a 106,390.

No fim da manhã o Banco Central vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.

(Edição de Isabel Versiani e Pedro Fonseca)

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