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Dólar salta 1,52% após posse de Lula com temores sobre fiscal e estatais

Moeda começou 2023 em alta em meio a receios do mercado financeiro sobre novas críticas ao teto de gastos

2 jan 2023 - 17h11
(atualizado às 19h39)
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Dólar salta 1,52% após posse de Lula com temores sobre fiscal e estatais
Dólar salta 1,52% após posse de Lula com temores sobre fiscal e estatais
Foto: Reuters

O dólar saltou frente ao real nesta segunda-feira, começando 2023 em alta em meio a receios do mercado financeiro sobre novas críticas ao teto de gastos e medidas para travar privatizações por parte do recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A moeda norte-americana à vista ganhou 1,52%, a 5,3580 reais na venda, maior valorização diária desde 25 de novembro (+1,838%) e patamar de encerramento mais alto desde 28 de novembro (5,3645).

Lula aprofundou seu discurso social ao assumir no domingo o comando do Palácio do Planalto pela terceira vez, voltando a criticar a regra do teto de gastos e prometendo revogá-la, ainda que tenha rejeitado fazer qualquer "gastança" e tenha prometido um governo responsável.

Lula também determinou a ministros que adotem providências para revogar atos que davam andamento à privatização de uma série de estatais, entre elas a Petrobras. No último dia 30, o presidente anunciou a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para comandar a companhia em seu governo.

Os mercados já antecipavam medidas do tipo uma vez que Lula sempre deixou claro ser contra privatizações, mas as notícias serviram de lembrete dos entraves que as pautas liberais devem enfrentar ao longo dos próximos quatro anos de governo.

Segundo Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, a desidratação da PEC da Transição no Congresso tinha alimentado algum bom humor entre os investidores em dezembro, mas esse sentimento se reverteu no domingo com o discurso e as novas medidas de Lula. "O mercado já começou o ano com um balde de água fria."

Nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que o arcabouço fiscal a ser apresentado neste semestre pelo governo precisa ser confiável e demonstrar sustentabilidade das finanças públicas, e que não aceitará um resultado fiscal neste ano que não seja melhor do que a atual previsão de déficit de 220 bilhões de reais.

No entanto, a falta de detalhes sobre a configuração do próximo arcabouço fiscal do país continua sendo motivo de desconforto no mercado financeiro.

"Ele (Haddad) mostrou que não tem NADA na mão e prometeu uma âncora no primeiro semestre. Desculpe, mas já era para estar pronto ou endereçado", disse em publicação no Twitter Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial, após pronunciamento do ministro da Fazenda nesta segunda-feira.

"Não cola a desculpa de que tem que tomar conhecimento das contas públicas para só depois começar os trabalhos... Literalmente começou com o pé esquerdo."

Izac, da Nexgen, acrescentou que a possibilidade de que Haddad acabe aceitando "canetadas" de Lula, depois que o presidente prorrogou a desoneração de combustíveis apesar de posicionamento contrário de seu ministro, traz muita preocupação, principalmente na questão fiscal.

A saúde das contas públicas será o grande tema deste ano para o mercado de câmbio, segundo analistas, que também chamam a atenção para riscos externos, uma vez que o Federal Reserve deve continuar elevando sua taxa de juros de forma a combater a inflação.

Especialistas chamaram a atenção nesta segunda-feira para a liquidez reduzida, uma vez que os mercados de Estados Unidos e Reino Unido permaneceram fechados devido ao feriado do Ano Novo.

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