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Dólar salta a pico em 1 mês com indicação dura do BC, véspera de feriado e exterior ruim

6 set 2022 - 17h24
(atualizado às 17h27)
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Por Luana Maria Benedito

Nota de dólar
17/07/2022
REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração
Nota de dólar 17/07/2022 REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração
Foto: Reuters

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar disparou a uma máxima em mais de um mês nesta terça-feira e foi acima dos 5,25 reais nos maiores patamares do dia, deixando a moeda brasileira na lanterna global em meio a cenário externo adverso, sinalizações mais duras de autoridades do Banco Central e cautela antes do feriado de 7 de Setembro.

A divisa norte-americana à vista saltou 1,67%, a 5,2395 reais, maior patamar para encerramento desde 3 de agosto (5,2781 reais) e valorização diária mais acentuada desde o último dia 31 (+1,735%). Durante a sessão, a moeda chegou a saltar 1,92%, a 5,252 reais na venda.

Na B3, às 17:10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,60%, a 5,2735 reais.

Colaborando para esse movimento, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou nesta manhã que haverá discussão sobre ajuste residual na taxa básica de juros, fala que veio um dia após o presidente do BC, Roberto Campos Neto ter dito que a autarquia pensa em "finalizar o trabalho" de fazer a inflação convergir para as metas.

Seus comentários, interpretados pelo mercado como mais "hawkish" (inclinados à restrição da política monetária) do que as comunicações recentes do BC, fizeram as taxas dos principais contratos de DI dispararem e ajudaram a derrubar o Ibovespa em mais de 2%.

As falas provocaram aumento de apostas em elevação de 0,25 ponto percentual da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 20 e 21 deste mês, e adiaram previsões para o início de um ciclo de afrouxamento monetário no Brasil.

Até a véspera, a maioria nos mercados financeiros acreditava que o ciclo de aperto do Bacen já havia sido encerrado, com a Selic em 13,75%, e alguns esperavam redução dos juros já na primeira metade de 2023, visão que foi motivo de algum respiro para os ativos locais nas últimas semanas.

"É toda essa falta de clareza; o mercado já tinha assimilado que a Selic ficaria no nível atual e aí nessa semana (o BC) voltou a discutir movimentação residual (no juro)", disse à Reuters Bruno Mori, economista e planejador financeiro da Planejar, sobre o baque nos mercados financeiros domésticos nesta terça-feira.

Mas o dólar também encontrou apoio no exterior, onde seu índice frente a uma cesta de rivais fortes subia acentuadamente, rondando seus maiores níveis em duas décadas. A força da moeda norte-americana penalizou várias divisas emergentes ou ligadas às commodities ao longo do dia, como peso mexicano, rand sul-africano e dólar australiano.

Por trás desse movimento, Mori destacou as expectativas de que o banco central norte-americano, o Federal Reserve, siga firme em seu atual ciclo de alta dos juros, cenário reforçado nesta terça-feira por dados positivos sobre o setor de serviços dos Estados Unidos.

A próxima renião de política monetária do Fed acontece também nos dias 20 e 21 deste mês, e sua taxa básica provavelmente será elevada em 0,75 ponto percentual pela terceira vez consecutiva.

De volta ao Brasil, investidores se preparavam para o 7 de Setembro.

Vésperas de feriado já são, tradicionalmente, incentivo à adoção de cautela por parte de investidores, que buscam proteger suas carteiras de imprevistos que possam acontecer enquanto os mercados nacionais permanecem fechados.

Mas a comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil exige cuidado adicional devido a manifestações convocadas pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), disseram alguns operadores.

(Edição de José de Castro)

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