Dólar se estabiliza e real tangencia novo dia de perdas para moedas emergentes
O dólar oscilou entre altas e quedas ao longo desta quarta-feira e acabou fechando perto do zero e zero, com fatores técnicos ajudando o real a escapar de novo dia de forte desvalorização em pares emergentes.
O dólar à vista terminou com variação positiva de 0,06%, a 5,4300 reais.
Numericamente, o dólar emendou a sexta alta consecutiva --série mais longa desde os oito pregões de ganhos entre o fim de junho e início de julho-- e renovou máxima desde 4 de maio (5,4322 reais).
Durante esta quarta, a cotação variou de 5,4471 reais (+0,37%) a 5,3919 reais (-0,65%).
Lá fora, o índice do dólar contra uma cesta de moedas de países desenvolvidos acelerou a alta no fim da tarde para 0,7%, maior acréscimo desde meados de junho de 2021, e para patamares não vistos desde setembro do ano passado. Enquanto isso, um índice de divisas emergentes emendava o quarto pregão de baixa e renovou mínima em cerca de um ano.
Divisas de perfil mais próximo ao do real, como peso mexicano (-1%), lira turca (-0,5%) e rand sul-africano (-0,7%) caíram bem mais do que a moeda brasileira. O mote para a queda de moedas emergentes seguiu o mesmo: perspectiva de redução de oferta de dinheiro barato nos EUA acompanhada de possibilidade de encarecimento do custo do dólar em 2022 (alta de juros).
Adicionalmente, alertas sincronizados dos comandantes dos principais bancos centrais do mundo em falas nesta quarta mantiveram no ar a sensação de cautela.
Luca Maia, estrategista de câmbio e juros para América Latina do BNP Paribas, disse que uma posição técnica "mais limpa" no real ajudou a blindar a moeda da nova liquidação nos mercados emergentes de câmbio.
"Alguns fundos locais haviam comprado dólares, e na verdade eles estão muito pouco alavancados tanto em bolsa quanto em juros e câmbio", afirmou.
"O real já vinha com performance pior desde Jackson Hole, então pareceu menos interessante vender a moeda hoje", acrescentou, referindo-se ao simpósio organizado pelo Federal Reserve que contou no dia 27 de agosto com declarações do chair do Fed, Jerome Powell, as quais mexeram com os ativos financeiros no decorrer dos dias.
O estrategista avaliou que, por estar em zona ainda depreciada, o real teria espaço para ganhos "sem novas notícias ruins no campo doméstico". Pelas contas de valor justo do BNP, o dólar deveria estar próximo de 5,01 reais.
Esse número é mais alto do que a faixa de 4,91 reais-4,92 reais projetada antes, já que recentemente a percepção de risco geral piorou devido a eventos como a da incorporadora chinesa Evergrande, a queda do índice S&P 500 da Bolsa de Nova York e o forte recuo nos preços do minério de ferro, um dos principais itens de exportação do Brasil.