Dólar sobe 0,28% ante real com especulação eleitoral
Preocupações com as crescentes chances de reeleição de Dilma, cuja política econômica é alvo de críticas nos mercados, impulsionaram a divisa norte-americana
O dólar fechou em leve alta ante o real nesta quinta-feira, após alternar quedas e ganhos durante a sessão, com investidores especulando sobre as duas pesquisas eleitorais que devem ser divulgadas nesta noite e na expectativa do último debate presidencial antes do primeiro turno das eleições.
Preocupações com as crescentes chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), cuja política econômica é alvo de críticas nos mercados, impulsionaram a divisa norte-americana para quase R$ 2,50 durante a sessão, nível que não é atingido desde o ápice da crise financeira global em 2008.
O dólar fechou em alta de 0,28%, a R$ 2,49 na venda. Na mínima da sessão, atingiu R$ 2,47. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 2,4 bilhões.
"Ninguém quer ser o último a saber o que vai sair nas pesquisas. O resultado é que qualquer espirro gera uma reação desproporcional no câmbio", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.
Levantamentos do Datafolha e do Ibope, atentamente monitorados pelo mercado, devem ser divulgados nesta quinta-feira. Além disso, nesta noite, os candidatos participarão de debate transmitido na TV Globo, último antes do primeiro turno das eleições.
Segundo operadores, circularam nas mesas de câmbio rumores de toda a sorte sobre as pesquisas.
De um lado, conversas de que Dilma teria ampliado a vantagem contra a ex-senadora Marina Silva (PSB) impulsionaram o dólar à máxima da sessão no fim da manhã. Do outro, especulações de que Aécio Neves (PSDB), o candidato preferido dos mercados, poderia disputar o segundo turno com a atual presidente colocaram novamente o dólar para baixo durante a tarde.
O primeiro turno das eleições será disputado neste domingo e, nos últimos levantamentos, Dilma lidera o primeiro turno com ampla vantagem. Para a segunda rodada, a maior parte das pesquisas mostra empate técnico da candidata do PT com Marina, mas a última pesquisa do Datafolha já indica reeleição da atual presidente.
"O mercado ficou nervoso porque percebeu que tem só mais um dia para colocar apostas antes das eleições", disse o operador de uma corretora internacional.
A aproximação do patamar de R$ 2,50 manteve vivas as discussões sobre a tolerância do Banco Central brasileiro à alta recente da divisa, que eleva os preços de importados e, por isso, pressiona a inflação. A percepção majoritária é de que a autoridade monetária aguardará a volatilidade eleitoral passar para decidir se entra de forma mais pesada no mercado.
Por enquanto, o BC continuou vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 1,5 mil contratos para 1º de junho e 2,5 mil para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a US$ 197,1 milhões.
O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 9% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.
Pela manhã, a queda do dólar foi auxiliada ainda pela depreciação da moeda norte-americana em relação a outras moedas emergentes importantes, em um movimento de ajuste após as altas recentes.