Dólar sobe 0,9% após declarações de Tombini, que segue no BC
Foram negociados apenas cerca de 180 mil contratos de dólar para dezembro, abaixo da média diária de 300 mil deste mês
O dólar fechou em alta nesta quinta-feira após o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, indicar que o programa de atuações no câmbio não deve crescer mais, após ter atingido o nível de cerca de US$ 100 bilhões em contratos em circulação.
A moeda norte-americana subiu 0,9%, a R$ 2,5295 na venda, terminando perto da máxima do dia, de R$ 2,5332, após operar com leves variações durante a maior parte da sessão. O giro financeiro ficou baixo, tanto no mercado à vista quanto no futuro, devido ao feriado do Dia de Ação de Graças, que manteve fechados os mercados norte-americanos.
Foram negociados apenas cerca de 180 mil contratos de dólar para dezembro, abaixo da média diária de 300 mil deste mês. Já na câmara de dólar pronto da BM&F, apenas US$ 600 milhões trocaram de mãos.
Tombini afirmou, em entrevista coletiva logo após o Palácio do Planalto anunciar que ele continuará à frente do BC no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, que o atual estoque de swaps cambiais - que, segundo dados da véspera, equivalia a uma posição vendida de cerca de US$ 105 bilhões - "já atende de forma significativa" à demanda por proteção cambial da economia.
"O BC não vê problema em ficar vendido em US$ 100 bilhões, mas parece que não tem disposição para aumentar essa posição", disse o estrategista da corretora Coinvalores Paulo Celso Nepomuceno. "Isso significa que vai ter que diminuir bastante a atuação", acrescentou.
A autoridade monetária vem atuando diariamente no mercado de câmbio desde agosto do ano passado para oferecer proteção cambial e limitar a volatilidade da moeda. Alguns analistas criticam a intervenção constante, acusando-a de criar distorções que podem prejudicar a economia brasileira.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 3 mil contratos para 1º de junho e 1 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,8 milhões.
O BC também vendeu nesta sessão a oferta integral de até 14 mil swaps naquele que deve ser o último leilão para rolagem dos contratos que vencem em dezembro. Com isso, rolou quase todo o lote que vence na semana que vem, equivalente a US$ 9,831 bilhões.
O próximo lote de swaps vence em 2 de janeiro e equivale a US$ 9,827 bilhões.
Até as declarações de Tombini, o dólar vinha mostrando leves variações, com investidores esperando o anúncio da próxima equipe econômica. Além do presidente do BC, o governo anunciou Joaquim Levy como ministro da Fazenda e Nelson Barbosa como ministro do Planejamento.
Investidores reagiram bem aos nomes, avaliando que a presidente Dilma Rousseff reconhece a necessidade de mudança na política econômica, criticada por contribuir para o atual quadro de inflação alta e crescimento baixo.
Foram bem recebidas, por exemplo, declarações de Levy de que o setor público perseguirá em 2015 uma meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto, e a partir daí não menor do que 2%. A política fiscal vem sendo acusada de ser excessivamente expansionista e pouco transparente.