Dólar cola nos R$ 3,25 com temor de guerra comercial global
O dólar devolveu praticamente toda a queda da véspera ao fechar a quarta-feira em alta de 1% ante o real, com maior temor sobre risco de guerra comercial global após o principal assessor econômico da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixar o cargo.
O dólar subiu 1,05%, a R$ 3,2441 na venda, depois de recuar 1,16% na véspera. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana marcou R$ 3,2494. O dólar futuro tinha elevação de cerca de 1%.
"A saída de Gary Cohn... é um sinal preocupante, pois ele, democrata e ex-banqueiro da Goldman Sachs, era um mínimo sinal de razão em meio à loucura do governo Trump", trouxe a gestora Infinity em relatório.
Cohn, banqueiro de Wall Street que se tornou personagem fundamental da reforma tributária dos Estados Unidos em 2017 e uma das bases contra forças protecionistas no governo de Donald Trump, renunciou na véspera.
A renúncia ocorreu depois que Trump disse que vai impor altas tarifas sobre importações de aço e alumínio. A promessa já havia aumentado a especulação de que Cohn poderia deixar a Casa Branca devido à sua oposição a essa política.
Na véspera, em meio à repercussão negativa da medida inclusive entre os Republicanos, partido de Trump, o mercado chegou a avaliar que a taxação seria apenas uma retórica para conseguir negociação mais favorável aos Estados Unidos no acordo sobre o Nafta.
"O mercado tinha melhorado claramente ontem com a possibilidade de o governo Trump rever sua política em relação ao aço. Mas ficou claro que ele não vai rever essa posição, no que depender dele, reafirmando intenção protecionista", disse o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira.
Nesta tarde, a Casa Branca informou que o anúncio das tarifas de importação de aço e alumínio deve acontecer até o final da semana. Europa e Fundo Monetário Internacional (FMI) pediram que Trump evite uma guerra comercial, enquanto a China levou suas preocupações à Organização Mundial do Comércio.
No exterior, o dólar rondava a estabilidade ante uma cesta de moedas e subia sobre moedas de países emergentes, como o peso chileno e o rand sul-africano.
O Banco Central brasileiro não anunciou intervenção para o mercado cambial nesta quarta-feira. Em abril, vencem US$ 9,029 bilhões em swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.