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Dólar sobe 1,04% e fecha em novo recorde, a R$6,092, a despeito de leilões do BC

Moeda norte-americana atingiu o maior valor nominal de fechamento da história nesta segunda-feira, 16

16 dez 2024 - 17h12
(atualizado às 17h56)
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Na B3, às 17h32, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,04%, a 6,111 reais na venda.
Na B3, às 17h32, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,04%, a 6,111 reais na venda.
Foto: Reuters

O dólar à vista fechou em alta nesta segunda-feira, renovando a cotação máxima histórica, conforme receios do mercado com o cenário fiscal e os elevados prêmios de risco do país superaram o impulso positivo da venda de mais de 4,6 bilhões de dólares pelo Banco Central em dois leilões realizados durante a manhã.

O dólar à vista encerrou o dia em alta de 1,04%, cotado a 6,092 reais -- o maior valor nominal de fechamento da história.

Na B3, às 17h32, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,04%, a 6,111 reais na venda.

Investidores tomaram posições compradas na moeda norte-americana desde o início da sessão, com o dólar ultrapassando o patamar dos 6,09 reais e marcando alta de 1% já na primeira hora de negociações.

Por trás do movimento, estava a preocupação de que o governo possa não conseguir a aprovação de suas medidas de contenção de gastos no Congresso tal como foram propostas até o fim deste ano, conforme os parlamentares entram na última semana de trabalho antes do recesso de fim de ano.

A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva das negociações corpo a corpo com as lideranças políticas pelo avanço do pacote fiscal, uma vez que ele se encontra em São Paulo se recuperando de uma cirurgia para drenar um hematoma no crânio, parecia ofuscar ainda mais as perspectiva de aprovação das medidas.

"Há um grande apreensão em relação ao pacote e sobre a votação do Orçamento... além de sobre o que foi proposto e o que pode cair", disse Flávio Serrano, economista-chefe do banco Bmg.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com Lula nesta segunda na capital paulista para discutir as medidas fiscais. Ele disse que o presidente fez um apelo para que as propostas do governo não sejam desidratadas.

Ainda durante a manhã, houve um período de alívio para o real, com o dólar devolvendo praticamente todos os ganhos após a realização de um leilão à vista pelo BC, em que foram vendidos mais de 1,6 bilhão de dólares. Este foi o maior valor de um único leilão à vista desde 10 de março de 2020.

Mais tarde, a autarquia ainda vendeu 3 bilhões de dólares em um leilão de linha (dólares com compromisso de recompra), com o valor total das vendas no dia superando os 4,6 bilhões de dólares, no que foi a terceira sessão consecutiva com intervenção no mercado de câmbio.

Na quinta-feira, o BC já havia vendido 4 bilhões de dólares em dois leilões de linha e no dia seguinte vendeu 845 milhões de dólares em um leilão à vista.

Em reação às operações desta segunda-feira, o dólar alcançou a mínima do dia, a 6,0258 (-0,07%), às 10h13. Mas a reação da moeda brasileira durou pouco e o dólar voltou a subir de forma sólida, atingindo novamente alta de 1% no dia por volta das 15h48.

"O cenário está difícil e volátil, então o leilão tem efeito pontual, mas não muda a trajetória de alta", afirmou Serrano.

As taxas de juros futuras elevadas, que dispararam novamente com os receios pelo cenário fiscal, serviam como outra fator negativo para o real, afastando investidores estrangeiros do mercado nacional.

Segundo Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio, o mercado também reagiu a críticas feitas pelo presidente Lula à condução da política monetária, sua primeira declaração sobre o tema depois que o Copom elevou a Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, na semana passada.

Lula afirmou em entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, divulgada no domingo, que "a única coisa errada nesse país é a taxa de juros estar acima de 12%. Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação".

Investidores aguardam pela ata do último encontro do Copom, que será divulgada na terça-feira detalhando a decisão do colegiado de elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 12,25%, e sinalizar outros dois aumentos de 1 ponto para o início do próximo ano.

No cenário externo, os mercados aguardam a decisão do Federal Reserve na quarta-feira, em que se espera uma redução de 0,25 ponto nos juros. As atenções devem se concentrar nas projeções das autoridades do banco central dos EUA para os movimentos dos próximos meses, presente no "gráfico de pontos".

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,02%, a 106,850.

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