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Dólar sobe 1,37% e fecha acima de R$ 5,00 com exterior e Galípolo no BC

Bolsa de Valores teve alta de 0,85% com commodities e bons resultados de bancos e retomou 106 mil pontos

8 mai 2023 - 19h30
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São Paulo, 08/05/2023 - O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 8, em alta de 1,37%, cotado a R$ 5,0115, alinhado ao sinal positivo da moeda americana frente a divisas fortes e emergentes pares do real, como peso mexicano e chileno. Operadores notaram também um movimento de realização de lucros e recomposição de posições defensivas, sobretudo em razão de temores de ingerência do governo na condução da política monetária, após a confirmação da indicação do secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, para a diretora de Política Monetária do Banco Central. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 0,85%, aos 106.042,15 pontos, ajudado pelas commodities e pelos resultados de bancos.

Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar ultrapassou a barreira dos R$ 5,00 no fim da manhã, enquanto investidores digeriam a confirmação de Galípolo no BC, algo que vinha sendo ventilado desde o fim da semana passada, como mostrou o Broadcast. Já pressionado pelo quadro doméstico, o dólar renovou máxima a R$ 5,0175 ao longo da tarde, acompanhando o comportamento do índice DXY - termômetro do desempenho da moeda americana frente a seis divisas fortes. Moedas de países exportadores de commodities desenvolvidos se valorizaram, em dia de avanço do petróleo e do minério de ferro.

"Percebi uma alta maior do dólar após a notícia da indicação do Galípolo para o BC. Mercado retomou uma postura mais defensiva com medo de que o governo possa tentar interferir na condução da política monetária", afirma o analista de câmbio Elson Gusmão, da corretora Ourominas, ressaltando que, apesar do avanço hoje, a taxa de câmbio parece ter se acomodado em níveis mais baixos nas últimas semanas, ao redor de R$ 5,00. "Vamos ver como vai vir a ata do Copom amanhã e o CPI (índice de preços ao consumidor) americano, na quarta-feira".

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a primeira vez que ouviu a sugestão de Galípolo para uma diretoria do BC foi do próprio presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. A indicação seria uma forma de "entrosar as equipes do BC e Fazenda". Para a outra diretoria vaga do BC, a de Fiscalização, a escolha do governo foi Ailton Aquino, atual chefe do Departamento de Contabilidade, Orçamento e Execução Financeira.

Ibovespa, principal índice da B3, teve alta nesta segunda-feira
Ibovespa, principal índice da B3, teve alta nesta segunda-feira
Foto: FELIPE RAU/ESTADAO / Estadão

Fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast afirmam que Galípolo não deve sofrer resistência dos técnicos do BC. Segundo relatos, o secretário-executivo da Fazenda é o melhor entre os nomes que circularam, tem experiência no mercado financeiro (foi presidente do Banco Fator entre 2017 e 2021) e já mantém uma boa interlocução com a autarquia. Um servidor ponderou, contudo, que se a intenção do governo Lula for colocar um "soldado" dentro do BC a favor de uma política monetária mais frouxa, pode se frustrar. Ir contra a área técnica, que dificilmente seria favorável a um "cavalo de pau" na política monetária, geraria um constrangimento para Galípolo.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, observa que o dólar subiu e voltou a superar R$ 5,00 hoje, apagando as perdas da semana passada, apesar da alta do Ibovespa e da valorização das commodities, diante da perspectiva de que a economia dos EUA não vai enfrentar uma desaceleração severa. "Quando olhamos para moeda, não vemos esse apetite por risco. Tem uma devolução da alta recente do real por conta de certa cautela com a tramitação do arcabouço fiscal e as nomeações para o BC. A leitura dos investidores é que o governo quer uma composição do BC nos próximos dois anos um pouco mais à esquerda", diz Abdelmalack.

Ibovespa sobe

O Ibovespa retomou o nível de 106 mil pontos nesta segunda-feira, não visto em fechamento desde o intervalo entre 11 e 18 de abril. No melhor patamar intradia em quase um mês e encadeando três ganhos nesta abertura de semana, o Ibovespa subiu 0,85%, aos 106.042,15 pontos, entre 105.161,13, mínima na abertura, e 106.715,75 (+1,49%), na máxima no começo da tarde, mesmo com o sinal negativo de Nova York em boa parte da sessão. O bom desempenho das ações de commodities, em dia de recuperação para o petróleo e o minério de ferro (em alta de 5% na China), prevaleceu sobre a cautela externa e os ruídos domésticos, em sessão na qual o Ibovespa contou também com o impulso dos papéis do setor financeiro, de grande peso no índice.

Apesar da elevação do dólar frente ao real e também da curva de juros doméstica, especialmente dos vencimentos mais longos - após a confirmação de que o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, é o indicado do governo para a diretoria de Política Monetária do BC, vaga desde o fim de fevereiro -, o Ibovespa conseguiu manter o viés positivo mesmo em dia negativo para as ações de utilities, em especial Eletrobras (ON -1,71%, PNB -1,74%). As perdas para a elétrica já superam 20% no ano, no caso da ação ordinária, em meio a investidas do presidente Lula contra a venda da (então) estatal pelo governo Bolsonaro.

Embora esperada, a confirmação da indicação de Galípolo para o posto-chave de política monetária no colegiado do BC, comandado por Roberto Campos Neto - sob fogo cerrado há meses pelo nível da Selic -, refletiu-se mais no câmbio e nos juros do que propriamente na Bolsa, que ainda acumula descontos. No ano, o índice da B3 segue no negativo (-3,36%), após um mês de janeiro de avanço, sucedido por perdas entre fevereiro e março. Em maio, sobe agora 1,54%, após alta de 2,50% em abril.

"Por mais capacitado e técnico que o Galípolo seja - a questão não é entrar nesse mérito -, é óbvio que vai ter leitura do mercado de o governo 'forçar a barra' para direcionar a menores juros, de pautas de atividade e emprego sendo olhadas também pelo Banco Central. O mercado já esperava isso, não contraria a expectativa, mas sim a opinião do que eventualmente seria melhor para o BC", diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.

"Mais um movimento para pressionar o Banco Central a cortar juros", enfatiza Marcatti, ressalvando que as decisões do BC são colegiadas e têm sido unânimes na atual configuração do Copom. "Baixar juros na marra não funciona, ainda que o governo mostre insatisfação. Faz parte do show o governo brigar por mais atividade, mas precisa fazer também a parte dele."

Estadão
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