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Dólar sobe 2,4% e vai a R$ 3,20, após três sessões de queda

O dólar avançou 2,43%, após chegar a cair 0,36% pela manhã

25 mar 2015 - 18h01
(atualizado em 26/3/2015 às 09h42)
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O dólar subiu mais de 2% ante o real nesta quarta-feira (25), com investidores aproveitando para comprar divisas após três dias de queda, após o Banco Central anunciar o "fim" do programa de intervenções diárias no câmbio - conhecido como swaps cambiais ou venda futura de dólares - e diante da alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries).

<p>O Banco Central, do presidente Alexandre Tombini, anunciou na noite de terça-feira (24) que deixará de ofertar diariamente a venda futura de dólares, a partir de abril</p>
O Banco Central, do presidente Alexandre Tombini, anunciou na noite de terça-feira (24) que deixará de ofertar diariamente a venda futura de dólares, a partir de abril
Foto: Paulo Whitaker / Reuters

O dólar avançou 2,43%, a R$ 3,2034 na venda, após chegar a cair 0,36% pela manhã. Nas últimas três sessões, a divisa tinha acumulado queda de 5,13%. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,4 bilhão de dólares (aproximadamente R$ 4,4 bilhões).

O BC anunciou na noite de terça-feira (24) que deixará de ofertar diariamente swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, a partir de abril. Mas assegurou que vai rolar integralmente os contratos que vencem a partir de 1º de maio, "levando em consideração a demanda pelo instrumento e as condições de mercado".

Operadores ressaltaram, contudo, que a decisão do BC não deve gerar mais grandes impactos sobre o dólar no curto prazo, uma vez que o mercado já havia se antecipado, em grande parte, ao fim do programa de swaps.

"São US$ 2 bilhões que o BC deixa de injetar no mercado por mês, então nós vamos ter de contar com fluxo positivo para ver um alívio no câmbio", disse Italo Abucater, o especialista em câmbio da corretora Icap. "Isso vai ser sentido na tendência do dólar nas próximas semanas, mas a decisão em si já era mais ou menos esperada."

Autoridades do BC já vinham afirmando que o atual estoque de swaps cambiais, correspondente a cerca de US$ 115 bilhões, já atende à demanda por proteção da economia brasileira. Esse discurso foi repetido na véspera pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

De maneira geral, agentes financeiros receberam bem a decisão do BC. Tanto o Goldman Sachs quanto o BNP Paribas elogiaram a estratégia e salientaram que o atual estoque de swaps tem gerado crescentes custos fiscais ao BC.

"Nos moldes que assumiu nos últimos meses, a eficácia da intervenção claramente se dissipou. O impacto marginal de um leilão diário de US$ 100 milhões em swap era quase inócuo quando ajustado para o tamanho do mercado de câmbio brasileiro", escreveram os estrategistas do BNP Paribas, Gabriel Gersztein e Thiago Alday, em nota a clientes.

A perspectiva de rolagens integrais e a afirmação, da parte do BC, de que a autoridade monetária poderá realizar operações adicionais "por meio dos instrumentos cambiais ao seu alcance" também deve contribuir para limitar a pressão cambial.

Alta do dólar e reflexos na economia assustam grande parte da população:
Cena Externa

Nos mercados internacionais, o dólar chegou a mostrar queda firme contra outras moedas importantes, após as encomendas de bens duráveis nos EUA inesperadamente recuarem em fevereiro.

Investidores vêm monitorando de perto indicadores econômicos da maior economia do mundo, para avaliar se o Federal Reserve (Fed) terá margem para elevar os juros em junho ou se deixará o início do aperto monetário para o segundo semestre.

"Estamos vendo por aqui principalmente vendas (de dólares) por estrangeiros, na esteira desse número. O investidor local segue cauteloso", afirmou Abucater, mais cedo.

Mas os rendimentos dos Treasuries devolveram a queda vista após a divulgação do dado econômico, tirando fôlego da entrada de dólares no Brasil e novamente elevando as cotações da divisa americana.

A alta dos juros americanos acelerou durante a tarde, após um leilão de notas de cinco anos nos EUA mostrar resultado fraco. O aumento das taxas nos EUA tende a atrair para lá recursos atualmente aplicados aqui, e investidores aproveitaram essa oportunidade para voltar a comprar dólares após três dias de queda aqui.

"A percepção vívida no mercado é que a queda do dólar não ia durar muito. Não tem fundamento para isso", disse o superintendente de câmbio de uma gestora de recursos nacional. "Quando surgiu a oportunidade, o investidor correu para comprar (dólares)".

Leilão de dólares

Nesta manhã, o BC brasileiro deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps, com volume equivalente a US$ 98 milhões. Foram vendidos 1.400 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 600 para 1º de março de 2016.

O BC também vendeu a oferta total de até 7,4 mil swaps cambiais na rolagem dos contratos que vencem em 1º de abril. Ao todo, a autoridade monetária já rolou o equivalente a US$ 6,389 bilhões, algo próximo de 64% do lote total, correspondente a US$ 9,964 bilhões.

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