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Dólar sobe 2,77% e fecha na máxima em quase doze anos

O valor do fechamento, R$ 3,24 é o mais alto desde abril de 2003

13 mar 2015 - 18h01
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<p>Desde o início do ano, o dólar subiu cerca de 5% contra os pesos mexicano e chileno, 8% ante o rand sul-africano e 13% contra a lira turca, mas avançou 22,20% em relação ao real</p>
Desde o início do ano, o dólar subiu cerca de 5% contra os pesos mexicano e chileno, 8% ante o rand sul-africano e 13% contra a lira turca, mas avançou 22,20% em relação ao real
Foto: Dado Ruvic / Reuters

O dólar fechou com alta de mais de 2,5%, no maior nível em quase doze anos, com investidores buscando proteção em meio à turbulência política que vem dificultando a aprovação de medidas para o reequilíbrio das contas públicas brasileiras e às dúvidas sobre a intervenção do Banco Central (BC).

A moeda americana subiu 2,77%, a R$ 3,2490 na venda, após subir a R$ 3,2815 na máxima da sessão. O valor do fechamento é o mais alto desde abril de 2003. Na semana, a moeda americana subiu 6,3%, acumulando alta de 13,76% desde o início do mês.

O dólar também avançou nos mercados externos, antecipando-se a uma possível sinalização do Federal Reserve na semana que vem de que a alta dos juros dos EUA está próxima.

"O nosso horizonte está muito ruim e, para piorar, tem as manifestações no fim de semana", disse o estrategista da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno, referindo-se aos protestos em favor do impeachment de Dilma. "O investidor estrangeiro diz: 'vou sair por enquanto e volto quando tudo se resolver' e isso estressa o mercado".

A principal preocupação é que, à medida que a popularidade da presidente Dilma Roussseff cai e cresce a rebeldia na base governista no Congresso, torna-se cada vez mais custoso para o governo implementar as dolorosas medidas de ajuste e resgatar a credibilidade da política fiscal brasileira.

Essa perspectiva tem sido corroborada também pelos desdobramentos do escândalo bilionário de corrupção na Petrobras, que vem assustando investidores estrangeiros.

<p>Uma fonte da Fazenda afirmou à Reuters que o governo brasileiro não considera usar suas reservas internacionais neste momento</p>
Uma fonte da Fazenda afirmou à Reuters que o governo brasileiro não considera usar suas reservas internacionais neste momento
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters
Intervenções do BC no dólar

Os ruídos em torno do futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central brasileiro no câmbio completavam o quadro de apreensão doméstica. O BC vem vendendo swaps cambiais diariamente desde agosto de 2013 para oferecer proteção cambial e limitar a volatilidade, em um programa marcado para durar pelo menos até o fim deste mês.

Uma fonte da Fazenda afirmou à Reuters que o governo brasileiro não considera usar suas reservas internacionais neste momento para conter a forte alta do dólar ante o real.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil swaps pelas rações diárias, equivalentes a uma posição vendida de US$ 97,5 milhões (aproximadamente R$ 315 milhões). Foram vendidos 1.050 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 950 para 1º de março de 2016.

A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 36% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.

<p>Na semana, a moeda americana subiu 6,3%, acumulando alta de 13,76% desde o início do mês</p>
Na semana, a moeda americana subiu 6,3%, acumulando alta de 13,76% desde o início do mês
Foto: Lucas Jackson / Reuters
Mundo desvaloriza ante dólar

As incertezas domésticas têm garantido que o real venha se enfraquecendo mais do que seus pares emergentes em meio à onda global de compra de dólares com as expectativas de que o aguardado aperto monetário nos Estados Unidos deve ter início em breve.

"Os mercados de trabalho (americanos) continuaram a melhorar e a inflação se estabilizou, cumprindo os critérios econômicos estabelecidos pelo Fed (para a alta de juros)", escreveram analistas do Scotiabank em relatório.

Desde o início do ano, o dólar subiu cerca de 5% contra os pesos mexicano e chileno, 8% ante o rand sul-africano e 13% contra a lira turca, mas avançou 22,20% em relação ao real.

A aversão ao risco no Brasil tem elevado os custos de financiamento em moeda estrangeira no mercado doméstico, representados pelo cupom cambial. Apenas nesta sessão, o cupom para maio subiu 0,23%, a 1,91%.

"É uma combinação de volatilidade, cenário interno conturbado e demanda forte por hedge", explicou o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues. "Como você tem uma demanda maior no mercado futuro, o cupom precisa se ajustar a isso".

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