Dólar sobe ante real com expectativa por dados de inflação dos EUA
O dólar avançava frente ao real nos primeiros negócios desta segunda-feira, com investidores aguardando dados de inflação dos Estados Unidos nesta semana depois que uma sinalização dura do Federal Reserve sobre a política monetária penalizou ativos arriscados em pregões recentes.
Às 10:10 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,45%, a 4,9550 reais na venda.
Na B3, às 10:10 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,45%, a 4,9575 reais.
O Federal Reserve deixou os juros inalterados em sua reunião da semana passada, mas não fechou a porta para mais elevações à frente, e o chair Jerome Powell voltou a reafirmar a visão de que os custos dos empréstimos permanecerão mais altos por mais tempo em meio a uma economia resiliente.
"(O Fed) está claramente enviando uma mensagem aos mercados de que o combate à inflação está longe de ser vencido, especialmente devido à força da economia dos Estados Unidos, e de que as taxas precisarão permanecer altas por mais tempo", disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury. "Os mercados parecem acreditar nesse cenário e, até vermos novas evidências de desaceleração da economia americana, os argumentos de baixa para o dólar são limitados."
Com foco total no Fed, o mercado acompanhará de perto nesta semana a leitura de agosto do índice de inflação preferido do banco central norte-americano, o PCE, agendado para sexta-feira.
Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se valorizar globalmente, uma vez que os rendimentos dos Treasuries ficam mais atraentes quando comparados aos retornos financeiros oferecidos em países de juros mais altos, que costumam ser bem mais arriscados que a maior economia do mundo.
No Brasil, a "ata do Copom (de terça-feira) deve trazer mais novidades sobre a preocupação fiscal e suas consequências para as expectativas de inflação e para o ritmo de corte de juros", avaliou o BTG Pactual em relatório a clientes, chamando a atenção ainda para a divulgação, no mesmo dia, do IPCA-15 de setembro, que "dará nova oportunidade ao mercado de observar a trajetória dos núcleos de inflação".
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 12,75%, conforme esperado, sinalizando ainda cortes da mesma magnitude até o final deste ano.
Embora redução da Selic signifique a redução do diferencial de juros entre Brasil e EUA -- cenário ruim para o real --, muitos participantes do mercado têm ponderado que os juros domésticos seguirão em patamar restritivo mesmo com o início do afrouxamento pelo Copom, de forma que o impacto na moeda brasileira será limitado.
Na sessão anterior, na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9328 reais na venda, em baixa de 0,06%, mas acumulou alta de 1,26% na semana.