Dólar sobe após decisão do STF que pode beneficiar Lula
Moeda americana se aproximou de R$ 4,15; Bolsa tem queda
O dólar segue em alta frente o real nesta sexta-feira (8) pela terceira sessão seguida, e se aproximou dos R$ 4,15, ao registrar máxima de R$ 4,1468 (+1,31%) no mercado à vista - maior valor desde os R$ 4,1520 registrados durante a sessão de 21 de outubro passado. Desde o fechamento em queda na terça-feira, 05, em R$ 4,0930, até a máxima desta sexta-feira, 8, a moeda acumula ganho de 3,83%.
O Ibovespa começou a tarde na casa dos 108,5 mil pontos, devolvendo em boa medida o ganho que a levou ao novo recorde no fechamento de quinta-feira, 7m. Ainda assim, mantido o comportamento, pode fechar a semana com ganho.
Às 13h20, o dólar era cotado a R$ 4,149. O Ibovespa registrava queda de 0,75%, a 108775,18.
A alta ante o real é bem maior que a valorização do dólar em relação a moedas de outros países ligados a commodities, segundo operadores do mercado de câmbio, pela aposta dos agentes financeiros na piora do fluxo cambial para o Brasil. O movimento acontece após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter mudado de entendimento e derrubado a prisão em segunda instância antes do trânsito em julgado dos processos.
Essa decisão deixa o investidor inquieto porque abre caminho para a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril do ano passado, antes das eleições presidenciais, em Curitiba, centro da Lava Jato.
No fim da manhã, a defesa de Lula protocolou o pedido de liberdade do ex-presidente na Justiça Federal em Curitiba. Além de Lula, a decisão beneficia cerca de 5 mil presos.
Cenário externo
Do lado externo, a cautela nos mercados reflete um novo revés nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
"Queira ou não, se Lula puder concorrer acende um sinal amarelo. A não participação de estrangeiros no pré-sal serve de alerta já por causa de tudo que estamos vendo, falta de confiança, mesmo com risco País nos menores níveis da história", comenta o operador Hideaki Iha, da corretora Fair.
O diretor-superintendente da Correparti, Jefferson Rugik, avalia que a decisão do STF põe mais pressão sobre a moeda por representar insegurança jurídica, fato que pode afastar o investidor estrangeiro do País. "Por enquanto, só vimos saída de fundos estrangeiros do mercado local", diz o executivo. "As remessas de dividendos ao exterior costumam acontecer com maior intensidade a partir da segunda quinzena deste mês."
Para o economista da Guide Investimentos, Homero Guizzo, o mercado local acompanha desde cedo, principalmente, a alta do dólar ante seus pares principais e divisas emergentes ligadas a commodities em meio a incertezas com um acordo comercial entre EUA e China.
Em relação à decisão do STF, Guizzo avalia que pode até ajudar o governo Bolsonaro, porque agora eles têm uma polarização clara, bem definida, que é útil para o clã político Bolsonaro. "Lula poderia ser um inimigo útil para o clã Bolsonaro. A direita conversa melhor entre ela quando aparece um fato desse", afirma.