Dólar sobe em meio à pressão de cortes graduais do Fed e conflito no Oriente Médio
O dólar subia frente ao real nesta terça-feira, revertendo as perdas do início da sessão, conforme o fortalecimento da moeda norte-americana no exterior, impulsionado por temores de conflito no Oriente Médio e expectativas de cortes graduais de juros no Federal Reserve, pressionava a divisa brasileira.
Às 12h12, o dólar à vista subia 0,39%, a 5,4706 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,27%, a 5,485 reais na venda.
Nesta sessão, o real acumulou alguns ganhos contra o dólar na primeira hora de negociação, com o cenário doméstico positivo para o câmbio, em meio à perspectiva de aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, tornando a moeda brasileira atrativa para investimentos estrangeiros.
Muito sob influência desse fator, o dólar acumulou queda de 3,32% ante o real em setembro, e abriu outubro já devolvendo os ganhos da sessão anterior, quando fechou em alta de 0,24%, cotado a 5,4491 reais.
Com isso, o dólar atingiu a mínima da sessão do início das negociações (-0,34%), à medida que o mercado segue projetando maior aperto monetário no Banco Central, enquanto o Fed continua seu ciclo de afrouxamento dos juros.
Mas o cenário não se sustentou. No exterior, o dólar já subia amplamente desde cedo ante seus pares após o chair do Fed, Jerome Powell, derrubar na véspera as apostas de um corte de 50 pontos-base na taxa em novembro, mesmo movimento realizado no mês passado.
Em uma conferência, Powell disse ver mais 50 pontos-base acumulados de afrouxamento neste ano se a "economia tiver o desempenho esperado", elevando as expectativas de operadores de que o Fed reduzirá os juros de forma gradual até o fim deste ano.
A moeda norte-americana logo ampliou os ganhos em meio aos temores de escalada das tensões no Oriente Médio, após uma autoridade da Casa Branca afirmar nesta terça-feira que os EUA têm indícios de que o Irã estaria preparando um ataque de mísseis contra Israel.
As preocupações com a situação na região têm aumentado nas últimas semanas com a ofensiva de Israel no Líbano, à medida que o aliado dos EUA mira militantes do Hezbollah, grupo armado apoiado pelo Irã e que defende o Hamas, o outro grupo com quem Israel luta na Faixa de Gaza.
Depois da notícia, os preços do petróleo dispararam, após recuarem mais cedo, e investidores demonstravam maior aversão ao risco em mercados de ações e de câmbio.
No Brasil, o dólar atingiu a máxima da sessão às 11h33 (+0,51%).
"Acho que a pressão do dólar é generalizada e de natureza global hoje... com o real alinhado com o movimento do dólar frente nossos principais pares", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,48%, a 101,230.