Dólar tem alta contra real após perdas recentes; inflação dos EUA segue no radar
O dólar apresentava alta contra a moeda brasileira nesta segunda-feira, depois de se aproximar do patamar de 5 reais no último pregão em meio à melhor percepção sobre o cenário doméstico e à redução nas apostas de aperto monetário nos Estados Unidos, enquanto os investidores aguardavam dados de inflação norte-americanos desta semana.
Às 10:24, o dólar avançava 0,38%, a 5,0557 reais na venda, enquanto o contrato mais líquido de dólar futuro tinha ganho de 0,09%, a 5,0665 reais.
Na sexta-feira, a divisa norte-americana à vista fechou em queda de 0,93%, a 5,037 reais na venda, seu menor patamar desde 10 de junho de 2020, quando alcançou 4,9398 reais.
"Hoje a gente está vindo de um movimento bem forte (de queda) do dólar, então nesse início de semana é normal o mercado ficar um pouco mais ansioso", disse à Reuters João Vitor Freitas, analista da Toro Investimentos.
Ele destacou as fortes expectativas dos mercados internacionais em torno de dados desta semana, como a leitura sobre os preços aos consumidores norte-americanos de quinta-feira, depois que um relatório de emprego recente dos EUA aliviou temores de que a maior economia do mundo está acelerando a um ritmo que poderia alimentar a inflação.
A economia norte-americana criou apenas 266 mil vagas de trabalho no mês passado, depois de abrir 770 mil em março, disse o Departamento de Trabalho dos EUA na última sexta-feira.
"Os dados econômicos estão tendo um impacto cada vez maior nos mercados em meio às duvidas sobre o caminho da política monetária (dos Estados Unidos)", disse Freitas, acrescentando que "a cada número que sai o mercado fica mais atento". Na semana que vem, tanto o Federal Reserve quanto o Banco Central do Brasil anunciarão suas decisões sobre a política monetária.
Em seu último encontro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu por uma segunda alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da Selic, para 3,5%, e sinalizou a intenção de fazer um terceiro aperto da mesma magnitude na reunião de 15 e 16 de junho.
Segundo especialistas, o ciclo de aperto monetário no ambiente doméstico tende a ser positivo para o real, uma vez que torna investimentos locais atrelados aos juros básicos mais atraentes para o investidor estrangeiro.
Somados à expectativa de alta da Selic, dados econômicos domésticos promissores têm impulsionado o sentimento dos investidores e beneficiado o real. Na semana passada, o IBGE informou que a economia do Brasil registrou crescimento no primeiro trimestre de 2021 e retornou ao patamar pré-pandemia, dando sequência à recuperação dos danos causados pela pandemia de Covid-19.
Levando esses fatores em consideração, em breve "o mercado pode testar um patamar para o dólar abaixo de 5 reais, mesmo que não se sustente por muito tempo", disse João Vitor Freitas, embora tenha pontuado que ruídos políticos em Brasília continuam no radar em meio à CPI da Covid e ao andamento das pautas reformistas.