Dólar tem leve alta ante real após comentários de "Fed boys"
Após ensaiar uma queda ante o real pela manhã, o dólar à vista encerrou a terça-feira em leve alta, em sintonia com o avanço da moeda norte-americana ante várias divisas no exterior após autoridades do Federal Reserve voltarem a demonstrar cautela sobre o início dos cortes de juros nos EUA.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,1163 reais na venda, em leve alta de 0,23%. Em maio, porém, a divisa acumula baixa de 1,47%.
Às 17h14, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,23%, a 5,1190 reais na venda.
No início do dia, o dólar chegou a oscilar em baixa no Brasil, marcando a cotação mínima de 5,0843 reais (-0,40%) às 10h11. No entanto, com a agenda de indicadores esvaziada no Brasil e nos EUA, os investidores voltaram as atenções para declarações de autoridades do Fed, em meio à expectativa com a divulgação da ata do mais recente encontro de política monetária do banco central norte-americano, na quarta-feira.
Duas autoridades do Fed disseram que é prudente esperar mais alguns meses para garantir que a inflação realmente volte a se aproximar da meta de 2%, antes de iniciar os cortes na taxa básica de juros nos EUA.
"Na ausência de um enfraquecimento significativo no mercado de trabalho, preciso ver mais alguns meses de bons dados de inflação antes de me sentir confortável em apoiar uma flexibilização na postura da política monetária", disse o diretor do Fed, Christopher Waller, em discurso no Instituto Peterson de Economia Internacional. "Não estou com pressa para cortar os juros", disse o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic a repórteres, à margem de uma conferência.
Os comentários deram certo suporte ao dólar ante outras moedas, como o real.
"Hoje falaram alguns 'Fed boys', ainda demonstrando preocupação com a inflação nos EUA. Isso fez com que o dólar passasse a se valorizar lá fora e aqui", comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
O movimento ocorreu a despeito de a curva de juros norte-americana ter demonstrado acomodação durante o dia.
"Com o mercado retornando aposta de dois cortes de juros este ano nos EUA e com a alta das commodities, o real tende a se valorizar. Os juros locais reais (acima da inflação) estão muito altos e isto tende também a ser bom para nossa moeda", disse pela manhã o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes.
"Assim, não nos parece provável que o dólar suba muito, salvo por 'stop' (parada de perdas) no mercado de juros. Em resumo, o fiscal é o maior problema para nossa moeda ter boa performance", acrescentou.
No fim da tarde, o dólar seguia em leve alta ante seus principais pares no exterior.
Às 17h13, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,03%, a 104,630.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 10.440 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de julho.